Cidades

Associação despeja esgoto a céu aberto em Área de Preservação Ambiental

Fiscais da Caesb constatam que associação vizinha à Granja do Torto e a outras residências despeja, a céu aberto, dejetos que escoam até o Ribeirão do Torto, afluente do Lago Paranoá

postado em 19/02/2011 15:00
Agentes da Caesb, do Ibram e da Adasa fizeram uma varredura na APA em busca de irregularidadesMais de um quilômetro de esgoto clandestino está a céu aberto em uma Área de Preservação Ambiental (APA) na Granja do Torto. O terreno é vizinho à sede da Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil) e fica próximo à residência oficial da Presidência da República.

A água, malcheirosa e opaca, transborda de uma tubulação escondida na mata fechada. Ela escoa por uma superfície de declive em direção ao Ribeirão do Torto, afluente direto do Lago Paranoá e responsável por parte do abastecimento de água potável de Brasília.

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) visitou o local na quinta-feira e verificou que há esgoto da Ande sendo despejado de forma inadequada. Segundo a coordenadora de Fiscalização da Caesb, Zélia Aparecida de Souza, a associação foi notificada para que resolva o problema em até 30 dias.

Todas as casas visitadas pela fiscalização na área residencial da Granja do Torto também apresentaram irregularidades, foram notificadas e os proprietários têm 15 dias para implantar sistema de fossa e sumidouro. A residência oficial não está entre as autuadas. Foram verificadas várias ligações clandestinas de esgoto. Acredita tratar-se de uma rede antiga, da época da construção de Brasília, que está sendo usada indevidamente. O trabalho de investigação continuará nos próximos dias. Muitas das casas notificadas estão em área irregular, por isso não são atendidas pela Caesb.

Na última terça-feira, a equipe do Correio esteve no local para verificar o problema. Em seguida, foram acionados os órgãos responsáveis pela gestão das águas no DF para verificar a área. Na manhã de quinta-feira, compareceram ao local representantes da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa). Eles coletaram amostras de água, fizeram varredura nos pontos de transbordamento e visitaram as áreas próximas. O objetivo foi atestar de onde partia a contaminação e se ela poderia afetar o abastecimento de água.

;Esse esgoto está sendo jogado em poço de visita da rede de águas pluviais;, afirmou a supervisora de Monitoramento de Efluentes da Caesb, Kiossanny Pires. ;Nele, só poderia ser lançada água da chuva. A irregularidade ocorre quando alguém faz uma ligação ilegal na rede, que vai para os riachos. O certo, nesse caso específico, seria haver uma fossa;, continuou.

Após a varredura, o regulador de Serviços Públicos da Adasa, Gustavo Cerqueira, informou que o abastecimento de água não vem sendo afetado pela contaminação. ;Verificamos que o esgoto cai depois da captação de água. Mesmo assim, a poluição pode prejudicar usuários pontuais do Ribeirão, que usam a água para consumo. Além disso, temos que ponderar sobre a contaminação do lençol freático;, analisou.

Desconfiadas da origem do esgoto, equipes da Caesb visitaram, na manhã de quinta-feira, a residência oficial da Granja do Torto. Logo depois, acompanhadas de funcionários da Adasa, percorreram as unidades da Secretaria de Agricultura do DF e da Associação Nacional de Equoterapia. ;Nos primeiros endereços, não conseguimos perceber contribuição, mas na associação, sim. Há esgoto vindo de lá e o problema foi admitido por uma das pessoas que trabalha ali;, informou a coordenadora de Fiscalização da Caesb, Zélia Aparecida de Souza. ;Sendo assim, notificamos a entidade para que utilize a fossa que já possui da maneira que deveria. Eles, inclusive, já tinham sido notificados anteriormente pelo mesmo motivo;, completou.

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