postado em 20/02/2011 11:40
Um grupo de 14 deputados tem vencido, até o momento, todos os embates na Câmara Legislativa (CLDF) e promete dar trabalho ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O blocão embaralhou o cenário político ao reunir distritais da oposição e da base aliada na disputa, com o próprio governo, pelos espaços da Casa. Na última semana, o grupo conquistou comissões importantes e ameaçou não apreciar a nomeação de Edmilson Gama da Silva para a Presidência do Banco de Brasília (BRB) caso interesses não fossem negociados. A principal queixa é a falta de diálogo com o governador.A ampla aliança construída com partidos de diferentes matizes políticas para eleger Agnelo vem custando caro ao Executivo. A insatisfação das legendas se dá justamente pelo fato de o governador ainda não ter conseguido acomodar todas as forças. A fatura tem sido apresentada pelos próprios distritais. Ainda no período de transição, em dezembro do ano passado, eles se organizaram para fazer pressão e ver cumpridos os acordos. Apesar de agir informalmente, o grupo continua ativo. De acordo com cada situação, o blocão pode receber novas adesões ou até mesmo sair de cena momentaneamente.
O Grupo dos 14 reúne os distritais de três blocos: PMDB, PSL, PSC e PTC; PTB, PP, PR e PSDB; DEM, PTdoB, PRTB e PMN. No centro das articulações estão os deputados com mais tarimba política. O peemedebista Rôney Nemer e a democrata Eliana Pedrosa têm trânsito na Casa devido à experiência adquirida nas legislaturas passadas. A habilidade de costurar acordos fez os dois, ao lado dos ex-parlamentares Leonardo Prudente e Júnior Brunelli (ambos sem partido), serem chamados de quarteto fantástico. O peemedebista goza da proximidade com o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, o que lhe cacifa ainda mais entre os colegas. Apesar de o encolhimento do DEM na Casa ter reduzido o poder de barganha de Eliana, a inteligência política da deputada ainda a deixa em posição de destaque.
Quem também tem desempenhado papel fundamental nas movimentações internas é Benício Tavares (PMDB). De atuação discreta, ele é considerado um dos maiores estrategistas da Casa. Na condução das conversas das últimas semanas, ele trabalhou para colocar Wellington Luiz (PSC) na Corregedoria da Câmara. O posto é considerado importante para o Grupo dos 14, que tem membros passíveis de responder a processo ético. A expectativa é que o corregedor pegue leve com os colegas de bloco. ;É melhor não apostarem nisso. Não vou jogar nada para debaixo do tapete, mas se tiver de arquivar alguma coisa, e isso for justo, arquivarei apesar de qualquer pressão;, afirma Wellington.
A primeira prova de fogo dele será o caso de Benedito Domingos (PP). A Polícia Civil pediu o indiciamento do deputado pelos crimes de formação de quadrilha e fraude em licitação para beneficiar empresas ligadas aos filhos.
Embates
Desde 1; de janeiro, o Grupo dos 14 tem mostrado eficiência. Durante as discussões para formação da Mesa Diretora,, os deputados ameaçaram tirar espaço dos colegas do PPS, do PSB e do PDT. Só voltaram atrás depois de oito horas de negociação com dois dos homens fortes do GDF, o vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), e o secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT).
Na última semana, a disputa girou em torno da presidência das nove comissões temáticas da Casa. As brigas se deram, principalmente, entre membros da base e a solução só aconteceu quando os deputados do blocão conseguiram o espaço desejado. Na partilha, os distritais mais próximos do governador tiveram de ceder comissões desejadas, como a de Economia, Orçamento e Finanças e a de Educação e Saúde, que ficaram com Agaciel Maia (PTC) e Washington Mesquita (PSDB), respectivamente.
O último entrave na batalha das comissões foi resolvido com um gesto simples de Agnelo. Ele pediu a Olair Francisco (PTdoB) para desistir da Ceof e foi atendido. É justamente a atenção de Agnelo que os deputados querem. ;O Executivo entende que há uma nova maneira de fazer política, mas é preciso haver diálogo entre os dois Poderes;, diz Olair.
Segundo o líder do governo na Câmara, Wasny de Roure (PT), a formação da base tem sido gradual. Na avaliação dele, o Grupo dos 14 perdeu força depois das últimas negociações. ;Não vou dizer que foi extinto, mas essa concepção foi enfraquecida.; Entretanto, membros do bloco acreditam que o grupo pode aumentar. Isso porque deputados dos partidos de esquerda também têm demonstrado insatisfação.
Grande repercussão
Investigados na operação Caixa de Pandora, ambos protagonizaram videos de grande repercussão. Prudente ficou conhecido por guardar dinheiro ilícito nas meias e Brunelli é o autor da oração da propina.