postado em 22/02/2011 07:00
O pão francês está cada vez mais presente à mesa dos brasilienses. O consumo, apenas em janeiro, aumentou 8% frente ao mesmo período de 2010. A expectativa do Sindicato da Indústria da Alimentação de Brasília (Siab) é de que a venda do alimento continue crescente, de forma que, até o fim de dezembro, o acumulado supere em até 13% o patamar geral alcançado no ano passado: um faturamento de R$ 570 milhões. Economistas acreditam que a ascensão das classes C e D é um dos principais fatores responsáveis por impulsionar os números e o comércio nesse segmento. Isso significa que os moradores da capital federal, antes sem acesso às tradicionais fornadas, não só entraram na fila do caixa como também estão ajudando a ampliar os lucros do setor.Em 2010, o aumento na venda de pães também foi significativo no DF: 12,7%. Este é o quarto ano em que o setor cresce mais de 10%. No cenário nacional, os índices de comercialização são semelhantes, com um salto registrado em 13,7%. Superando até a alta nas vendas dos supermercados (9%), o setor de varejo (8,25%) e as lojas de departamento (7%). O consumo brasileiro per capita de pão é de pouco mais de 30 quilos por ano, o equivalente a pouco menos de dois pães por dia.
De acordo com o presidente do Siab, José Joffre Nascimento, o período das férias é caracterizado pelo baixo movimento nas padarias. Para ele, como janeiro foi um bom mês para os empresários do ramo, a probabilidade de se alcançar a meta anual é grande. ;Certamente, ganhamos com a mudança de governo, mais gente ficou na cidade e nós levamos isso em conta. Como o carnaval será em março, também não devemos sofrer a queda comum para fevereiro. De qualquer forma, as perdas se equilibram e mesmo com elas projetamos para 2011 ganhos superiores para todos os meses;.
José Onoffre defende que não há aumento previsto no preço do pão. Até porque, no DF o valor médio do quilo está acima do nacional. São cobrados R$ 6,5 na capital federal, contra R$ 6 no restante do país. ;Além do poder aquisitivo ser mais alto, também arcamos com custos maiores, como o do aluguel, por exemplo. A própria farinha de trigo aqui supera os preços negociados no Sul e no Sudeste;, argumenta.
Classes C e D
Como o pãozinho faz parte da lista de itens necessários, o economista da Universidade de Brasília (UnB) Vander Lucas descarta a possibilidade do aumento de 8%, registrado em janeiro, ter relação com o simples crescimento do consumo. ;Quem ganha um aumento, não necessariamente come mais pão, arroz ou feijão. Esta pessoa vai gastar mais com a carne, por exemplo, que é um produto mais caro;. Com base nesse argumento, ele atribui o incremento do consumo às classes C e D, que tiveram aumento considerável na renda ao longo do último ano.
Lázaro Guimarães, dono de uma panificadora na Asa Sul confirma a hipótese na prática. ;O trabalhador das classes mais baixas é um cliente assíduo, até porque ele viaja menos. Foi com essa ascensão das classes C e D que ele começou a frequentar mais a padaria;, conta.
No entanto, o economista Vander Lucas alerta para uma possível desaceleração do consumo ao longo dos próximos meses. ;No ano passado, houve um aumento generalizado na compra de bens de diversos setores da economia, mas esse ano o crescimento tende a ser menor. A própria pressão inflacionária deve frear o comércio. Quando o ganho do consumidor é reduzido, isso reflete nos gastos que ele se propõe a fazer;, diz.