Mesmo proibidas de circularem nas ruas do Distrito Federal desde 2008, vans voltaram a ser vistas em pontos da capital. No início desta semana, o Correio flagrou veículos transportando pessoas em linhas urbanas. Um deles, que apresentava a identificação Rural IZ, fazia o trajeto Aeroporto Juscelino Kubitschek /Gilberto Salomão (Lago Sul)/Candangolândia. O segundo seguia da Avenida Comercial de Taguatinga Sul em direção a Brazlândia e trazia estampada na lataria a inscrição PF Transporte. Abordados pela reportagem, os funcionários dos carros informaram que os patrões participaram de licitação e têm autorização para circular. As duas vans possuem o selo do programa Brasília Integrada, além de adesivos da Secretaria de Transporte, do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) e números de identificação.
Segundo o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), as vans em questão possuem autorização para operar. O diretor geral do DFTrans, Marco Antônio Campanella, ressaltou, porém, que os veículos podem atender apenas linhas rurais. Campanella classificou como irregulares os itinerários que vem sendo percorridos pelos carros flagrados pela reportagem. ;Essas linhas são piratas e não existem. São totalmente ilegais. Vamos acionar a fiscalização para tomar as providências cabíveis;, completou. Se forem pegos pelos fiscais, os permissionários terão de pagar multa de R$ 240 e, em caso de reincidência, o valor pode chegar a R$ 1,8 mil.
O órgão informou ainda que existem outras quatro vans em circulação no Distrito Federal. Segundo o DFTrans, a permissão do carro Rural IZ foi liberada em 25 de novembro de 2010 e a do outro, em 22 de dezembro do ano passado. Entretanto, essas licenças permitem apenas a circulação em áreas rurais e foram concedidas pelo Serviço de Transporte Público Complementar Rural (STPCR). O edital foi publicado pela Secretaria de Transportes no Diário Oficial do Distrito Federal em 19 de novembro de 2008. Contraditório, o texto não deixou claro o número de linhas que estavam em disputa.
A licitação previa a circulação de ônibus e micro-ônibus, mas, em um trecho, afirma que ;serão aceitos veículos tipo van para o início da operação em linhas do STPCR que tenham até cinco anos de fabricação e 16 lugares para transportar passageiros sentados;. A ilegalidade, portanto, está no fato de as linhas em que as vans têm operado não corresponderen ao que está descrito na ordem de serviço.
Acima da velocidade
O cobrador do veículo que levava passageiros até Brazlândia tem como slogan a seguinte frase: regularizado e rapidinho. Antes de chegar ao destino final, o veículo passou pela Avenida Comercial Norte de Taguatinga, pela Feira dos Goianos e por Ceilândia Centro. Segundo o funcionário, o serviço voltou a funcionar há cerca de três meses e o proprietário da linha possui ainda outras duas vans e um micro-ônibus.
Já o motorista da van que circulava entre o Aeroporto Juscelino Kubitschek, o Gilberto Salomão no Lago e a Candangolândia andava em alta velocidade, desrespeitando as leis de trânsito. Na via que liga o aeroporto ao Lago Sul, os condutores podem atingir, no máximo, 60km/h, mas o veículo estava acima dessa velocidade.