postado em 01/03/2011 07:00
Um programa da Coordenação de Ortopedia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem reduzido o tempo de espera dos pacientes que necessitam de intervenção cirúrgica e, ao mesmo tempo, gerado economia aos cofres públicos. O mutirão da cirugia, como é chamado, utiliza salas em horários ociosos nos hospitais para fazer operações mais simples, que geralmente não são prioridade nas unidades públicas. O trabalho é desenvolvido nos hospitais de Base (HBDF) e regionais de Santa Maria (HRSM) e do Gama (HRG).Pioneiro na implantação do programa, o HBDF realizou mutirões de cirurgias nos sábados de fevereiro. Nesse período, atendeu 26 pacientes internados no pronto-socorro da unidade. Segundo a gerente de Medicina Cirúrgica do hospital, Marga Poti, houve uma redução drástica no tempo de espera. ;Antes o normal era aguardar 30 dias. Agora, no máximo, a operação acontece em uma semana;, garante. Com isso, a gerente estima que em fevereiro o HBDF economizou pelo menos R$ 200 mil.
A economia com as diárias contempla custos como medicação, alimentação do paciente e do acompanhante, hospedagem e enfermaria. Segundo Marga, uma pessoa internada no HBDF porque fraturou o fêmur custa, ao Ministério da Saúde, R$ 1.747,34 se operada no dia seguinte. Caso tenha que esperar mais tempo, esse valor passa a ser de R$ 1.448,09 por dia.
De acordo com o coordenador de Ortopedia do DF, Renato Mello, ;a emergência e os casos mais graves naturalmente ganham prioridade perto da ortopedia, que sempre fica à espera de vagas;. A expectativa é que, a partir de março, a ação se expanda para outras especialidades.
No Hospital de Base, um mutirão atenderá, nos dias 12 e 13 de março, pacientes com catarata. ;No próximo mês, também realizaremos as cirurgias de bucomaxilo, oftalmologia e cirurgia vascular e em abril começaremos as de neurocirurgia, tireóide e parótidas;, explica Marga.
Na primeira etapa, os mutirões aproveitaram as salas de cirurgia vazias no turno da noite e os funcionários receberam hora-extra. Para atender as demais especialidades, o turno do HBDF será ampliado e vai funcionar entre 19h e 1h, de segunda a quinta-feira e aos sábados. ;Só no Carnaval que não teremos cirurgias à noite;, destaca a gerente de Medicina Cirúrgica.
De acordo com Marga, a intenção é contratar novos funcionários para que esse período deixe de ser extra e se torne incluído à rotina do hospital. Mas ainda não há previsão para a adoção da medida.
Para a enfermeira Romualda Francisca Pereira, desde a implantação do turno extra há alta rotatividade na unidade. ;Acho que está resolvendo, porque os pacientes chegam e já operam. Antes as pessoas em estado mais grave eram passadas na frente e as da ortopedia tinham que esperar um tempão;, compara. Ela exemplifica contando que uma criança de 12 anos chegou ao HBDF na sexta-feira, depois de sofrer um acidente. O menino teria sido um dos seis operados no fim de semana e liberado às 13h desta segunda-feira (28/2). ;Ele já saiu todo animado querendo jogar futebol;, conta.
Contemplado
O tocantinense Gilberto Rottini, 34 anos, foi uma das pessoas atendidas no mutirão do último sábado (26/2). Ele conta que há quase um ano luta contra fístulas no quadril, causadas por uma inflamação no fêmur. ;Eu sentia dor demais;, lembra.
O paciente, que trabalhava em lavoura em Taguatinga (TO), sofreu uma fratura na coluna em 1991 e desde então é cadeirante. Ele acredita que uma escara na região direita do quadril seria responsável pela lesão no fêmur. ;Essa é a terceira cirurgia. Antes, fui operado no HUB (Hospital Universitário de Brasília), onde fiquei internado por 86 dias, e em agosto vim para cá e tiveram que arrancar a cabeça do meu fêmur;, conta.
Internado na clínica médica do HBDF desde 29 de dezembro de 2010, o homem foi operado no último sábado. Agora ele espera não sentir mais dor. ;Os médicos disseram que depois dessa limpeza vai melhorar bastante;, comemora.