postado em 11/03/2011 07:00
Apesar de a população do Recanto das Emas crescer a taxas superiores à média registrada no Distrito Federal, a educação e a renda continuam definhando. Entre 2004 e 2010, o número de analfabetos caiu apenas 1%. De acordo com estudo, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), 41,6% dos chefes de família na região administrativa têm o ensino fundamental incompleto.O número de moradores com ensino superior representa apenas 1,7% da população, o equivalente a 2,5 mil pessoas. Enquanto isso, a renda domiciliar média é de R$ 1.836, o que corresponde a 3,6 salários mínimos. Número 0,3% inferior ao registrado na última pesquisa, realizada há seis anos. O valor também é o menor da série analisada, feita em Águas Claras, Ceilândia e Vicente Pires.
De acordo com o presidente da Codeplan, Miguel Lucena, o resultado tem relação com o aumento do número de mulheres no comando das casas. Hoje elas ocupam o posto em 32% dos lares. ;As mulheres ainda recebem salários mais baixos do que os homens. Além disso, se o pai abandona o lar, a renda naturalmente cai.; Lucena acredita que a divulgação dos dados pode provocar uma reação por parte do GDF.
;O índice de escolaridade baixo reflete uma renda menor. Esse é um indício para o governo de que há necessidade de investir em jovens e adultos. Se essas pessoas alcançarem melhores postos de trabalho, poderão garantir a permanência dos filhos nas escolas e o ingresso deles em universidades.;
Programas sociais
A cabeleireira Alaide de Assis,50 anos, seria uma das beneficiadas pela melhoria da educação. ;Eu estudei até o primeiro ano. Tenho vontade de voltar, mas ainda não encontrei tempo. Eu não paro em casa, vivo atendendo os clientes, a semana toda.
Se tudo der certo, vou trabalhar ainda mais no fim do ano, porque quero montar uma lanchonete;, planeja. Hoje, apenas 1,3% da população faz parte de algum curso de alfabetização para adultos. Estudantes de mestrado, doutorado e especialização nem chegam a aparecer na amostragem.
Os programas de transferência de renda também contemplam poucos moradores da região. Segundo a pesquisa, o programa federal Bolsa Família atende apenas 7,3% dos 125 mil habitantes do Recanto. O Bolsa Escola, do GDF, oferece não só auxílio financeiro, mas o kit escolar e aulas de reforço para crianças de baixa renda.
O problema é que ele só alcança cerca de 2 mil moradores ou 6,4%. Durante a pesquisa, a Codeplan não encontrou nenhum beneficiado pelo Bolsa Universitária, programa do GDF para estudantes de curso superior.
Atividade
Mais de 40% dos trabalhadores do Recanto das Emas fazem algum trabalho remunerado, o que corresponde a mais de 50,5 mil pessoas. A própria região emprega 25% dos moradores. Entre os principais setores responsáveis pelas contratações da mão de obra local estão o comércio (30,9%), os serviços domésticos (8%) e a construção civil (7%).
Outras áreas, no entanto, praticamente não são desempenhadas por moradores da cidade. É o caso dos serviços financeiros, de arte e cultura, saúde, comunicação, agropecuária e informática. A renda per capita manteve-se praticamente estável e ficou avaliada em R$ 512, pouco menos de um salário mínimo.
Os aposentados são raros na região, apenas 4,5%, ou cerca de 5,6 mil. Menor ainda é a quantidade deles que volta ao trabalho para complementar a aposentadoria ; menos de 200 pessoas. Parte desse resultado está relacionado com o baixo número de idosos.
Entre os habitantes, 7,4 mil estão acima dos 60 anos, pouco mais de 5%. Enquanto isso, crianças e jovens de 0 a 18 anos somam 36% dos habitantes e adultos de 19 a 59 anos representam mais de 58% da população.
Saúde
Como o Recanto das Emas foi criado para atender ao Programa de Assentamento do Governo do Distrito Federal, a maior parte das residências (73,8%) é própria, contra 22% destinadas ao aluguel. O abastecimento de água chega 99,8% das residências. Outro dado positivo é o esgoto sanitário, instalado em 99,1% da região.
O serviço de limpeza também se aproxima do percentual máximo, ao tempo que 17% dos moradores não têm filtros em casa. Para quase 5,5 mil pessoas, a água que vem da torneira é a mesma para lavar o piso e encher o copo. A maioria da população (87%) depende do serviço público de saúde. Apenas 10% dos moradores contam com planos de saúde financiados pelas empresas e apenas 2,9% pagam planos individuais.
Creche
Izaudete Carneiro, administradora do Recanto das Emas, informou que o projeto para criação de uma creche para atender a população de baixa renda do Recanto das Emas está em fase final de negociação. A primeira unidade deve ficar na Quadra 307 ou 311. A inauguração ainda não tem data prevista. Todas as mães que encontram dificuldade para trabalhar, por não ter onde deixar os filhos, deverão ser beneficiadas.