postado em 19/03/2011 07:00
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal começou ontem uma operação integrada para combater o uso e a venda de crack. A pasta identificou 64 pontos de consumo e tráfico do entorpecente na capital federal, que devem ser revitalizados depois de ações policiais. A primeira parte da operação foi na Quadra 5 do Setor Comercial Sul, no espaço chamado Galeria Novo Ouvidor. No local, conhecido como ;cracolândia;, 38 pessoas foram abordadas durante o dia e 11 acabaram presas por tráfico. Durante as abordagens, os policiais apreenderam cinco adolescentes, entre eles um garoto de 12 anos, morador de Samambaia. A mãe tinha registrado ocorrência de desaparecimento do menino há um mês. Ele está à disposição do Conselho Tutelar e deverá ser levado de volta para casa. A conselheira tutelar Vivian Nobre desconfia que ele vinha sendo corrompido por maiores de idade. ;Acredito que ele era usado por adultos para traficar drogas;, disse.
Os policiais encontraram crack, maconha e cola escondidos nas roupas, tênis, mochilas e em buracos abertos no teto das construções. Uma espécie de canivete e uma faca também foram encontrados dentro do sapato de um deles. Entre os presos estava uma mulher de 21 anos, grávida de oito meses. Ela admitiu ser dependente química há pelo menos três anos. ;Às vezes dá vontade de sair dessa vida, mas não consigo. Quando a gente vê, já está viciado. A gente não tem como sonhar com uma coisa melhor;, disse ela ao Correio. A jovem foi levada para a 5; Delegacia de Polícia (área central) para assinatura de um Termo Circunstanciado e posteriormente encaminhada para exames de saúde. Mesmo com a gestação avançada, ela não fez pré-natal e não sabe o sexo da criança.
Ao todo, 14 serão as cidades visitadas pelos órgãos de segurança, ação social e de saúde (veja quadro). O objetivo é eliminar os pontos de droga e realizar uma ação de reintegração dos usuários à sociedade. Adolescentes e adultos moradores de rua terão oportunidade de fazer tratamento psicológico e desintoxicação, caso queiram. Equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho (Sedest) visitarão as famílias das pessoas que foram alvo da operação para fazer um levantamento da situação social. Para moradores de outro estado, a Sedest tem oferecido passagem de volta à cidade de origem.
Os 64 pontos-alvo da operação passarão por faxina e revitalização. Será feita desratização e, após completa limpeza, diferentes órgãos de governo ocuparão o espaço. Grupos culturais deverão fazer apresentações diversas, enquanto equipes da Secretaria de Saúde se encarregarão de oferecer diferentes exames em estandes montados nos espaços.
Segundo o coronel Josiel de Melo Freire, subsecretário de Operações da Secretaria de Segurança Pública do DF, apenas na área central de Brasília existem 108 usuários. Destes, cerca de 50 estavam concentrados na Galeria Novo Ouvidor. ;Era o ponto onde tinha a maior concentração de tráfico;, explicou Josiel.
Além dos órgãos que compõem o sistema de segurança (polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e Departamento de Trânsito), fizeram parte da operação as Secretarias de Saúde e de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), a Vara da Infância e Juventude, o Serviço de Limpeza Urbana e a Administração de Brasília. Ao todo, 42 policiais militares e civis estão envolvidos nas ações realizadas na zona central da cidade, que engloba Setores Comercial Sul e Norte, Conic e Rodoviária do Plano Piloto.
Radiografia do crack
Local / Número de pontos de tráfico mapeados
1 - Zona Central / 3
2 - Asa Sul / 2
3 - Asa Norte / 4
4 - Planaltina / 2
5 - Sobradinho / 2
6 - São Sebastião / 4
7 - Paranoá / 8
8 - Samambaia / 5
9 - Taguatinga / 3
10 - Ceilândia / 4
11 - Candangolândia / 2
12 - Recanto das Emas / 8
13 - Santa Maria / 2
14 - Gama / 6
15 - Riacho Fundo I e II / 5
16 - Núcleo Bandeirante / 4