O deputado distrital Chico Leite (PT) se defendeu nesta quinta-feira (24/3) da acusação, feita pelo ex-governador José Roberto Arruda, de ter participado do esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, em novembro de 2009.
Em depoimento ao procurador regional da República Ronaldo Albo, após as eleições do ano passado, Arruda disse que Chico Leite pediu dinheiro durante uma reunião realizada na casa do ex-procurador-geral do Distrito Federal Leonardo Bandarra, em 2008. À época, o distrital teria solicitado também apoio político para lançar-se candidato ao Senado Federal nas eleições de 2010.
Chico Leite concedeu entrevista coletiva na noite desta quinta. Ele contou ter protocolado um pedido de investigação sobre a própria vida na Câmara Legislativa. "Estou pedindo a investigação da minha vida pessoal, quebrando o meu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Vou ao Judiciário buscar a minha honra no plano civil e criminal".
O deputado distrital atacou: "Esse sujeito (Arruda) quer fazer uma vingança. Não sabe ele que essa vingança acabará se voltando contra o volume de mentiras que tem construído durante todos estes anos. Não é à toa que a sociedade do DF sabe bem deslindar quem é honesto e luta contra a corrupção e quem é corrupto. Foi flagrado em vídeo roubando e foi preso por isso".
Distrital em seu segundo mandato e promotor de Justiça desde 1989, Chico Leite confirmou o encontro na residência de Bandarra. No entanto, defendeu-se alegando que a reunião, ocorrida entre janeiro e fevereiro de 2008, seria para atender a um pedido do Sindicato dos Professores do Distrito Federal.
"Havia um problema muito sério porque o governador se negava a receber o Sindicato dos Professores e se negava a cumprir o plano de cargo e salários que tinha sido aprovado em 2007. O único objeto do debate foi o enlace entre os professores e o governo", garantiu.
Segundo a denúncia feita por Arruda à Justiça, as negociações teriam ocorrido na presença do então secretário da Casa Civil, José Geraldo Maciel. que seria designado para futuras reuniões com Chico Leite. No encontro, o distrital teria demonstrado insatisfação com o PT e pedido verba para a campanha. Mas o petista não concorreu ao Senado. Lançou-se novamente à Câmara Legislativa. "Não faz sentido. Não pediria apoio à oposição".
Diante da acusação de que queria "estrutura" para tentar uma vaga federal, o deputado disparou: "Na verdade, esse depoimento faz parte de um plano de vingança do acusado contra o acusador porque fui relator do impeachment. Veja como as coisas podem casar: é notório na cidade que eu poderia ter sido candidato ao Senado. Também é notório que eu intermediava os debates de todas as categorias, de maneira que uma mente insana viu, construiu em nome da vendeta toda uma história mentirosa para assacar contra a honra de uma pessoa de bem", argumentou Chico Leite.