postado em 29/03/2011 07:00
As obras no Km 24 da BR-060, onde se abriu um buraco de grandes proporções no fim do ano passado, deixaram os técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em estado de alerta. Funcionários do órgão e da empresa contratada para a recuperação da via monitoram o trecho dia e noite a fim de evitar problemas nos desvios que contornam o penhasco de 140m de extensão e 20m de profundidade. No fim de semana, rachaduras apareceram no trecho atualmente usado por quem deixa Brasília em direção a Goiânia (GO). A rodovia foi fechada da tarde de sábado à madrugada de domingo.Os técnicos do Dnit afirmam que os trabalhos de drenagem na cratera causaram as fendas no atalho. De acordo com o órgão, ;à medida que a umidade do solo é retirada, ocorre a tendência da parte de cima (no nível da pista) ceder; e, com isso, podem surgir fissuras no asfalto. As equipes consideram pequenas as possibilidades de novas rachaduras. Isso porque, segundo o Dnit, o serviço deve acabar até o fim da semana. Em seguida, começa a fase de aterro do buraco até a superfície.
A superintendência goiana do órgão informou ainda que o surgimento de novas fendas se deve à intensidade das chuvas dos últimos dias, que têm, inclusive, dificultado os reparos. Mas, pelas estimativas do Dnit, a obra não vai enfrentar atrasos. Enquanto o Japão reconstruiu em seis dias uma rodovia devastada pelo terremoto do último dia 11, o conserto do abismo na BR-060 deve demorar quase seis meses para ficar pronto. A previsão é de que a recuperação da via seja concluída até junho próximo. O Dnit gastará cerca de R$ 10 milhões para executar o serviço emergencial.
Os transtornos na estrada que liga Brasília à capital goiana, no entanto, parecem longe do fim. O caminhoneiro Geovani Francisco de Oliveira, 31 anos, passa pela BR-060 duas vezes por semana para fazer o transporte de produtos alimentícios entre as duas cidades. ;O desvio é muito estreito e o asfalto é fraco, vive cheio de buracos. Peguei vários engarrafamentos indo para Goiânia;, garante.
Plano B
Quem vai para Goiânia passa por uma atalho ao lado da cratera e, no sentido oposto, em um trecho improvisado no antigo curso da BR-060 (veja arte). Quando o desvio em direção à capital goiana apresentou novas rachaduras, no início da manhã do sábado, as equipes do Dnit desviaram o trânsito para o outro atalho, que funcionou em esquema de ;pare e siga;. A alternância entre os sentidos do fluxo em uma mesma pista, no entanto, causou congestionamentos e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) preferiu interditar toda a estrada, duas horas depois.
Os motoristas tiveram de usar a rota alternativa da BR-070, no caminho para Águas Lindas de Goiás, até as 2h. Com os reparos realizados durante a madrugada, a BR-060 voltou a ser usada no domingo. O inspetor De Lucas Barbosa, da PRF, afirma que as condições de tráfego da rodovia são boas. ;O conserto foi feito e o motorista consegue usar os dois atalhos sem qualquer problema;, avalia. ;Existe um plano B. Foi feito um aterro mais forte no desvio de quem vem de Goiânia. Se houver a necessidade, acredito que o desvio da estrada velha aguenta os carros nos dois sentidos;, acrescenta.
Duplicação
O desvio Goiânia-Brasília passa no antigo curso da BR-060, que era utilizado antes da duplicação. Com a ampliação, que começou há 10 anos, esse e outros pontos da rodovia foram abandonados. As obras eliminaram trechos como o das sete curvas, que ficou conhecido em decorrência dos altos índices de acidentes. Em 2007, a pavimentação da estrada ficou pronta. Ao todo, os trabalhos custaram R$ 265 milhões.