Cidades

Chuvas agravam estado do asfalto no DF e pistas estão tomadas por buracos

Antonio Temóteo
postado em 30/03/2011 07:00
Vias esburacadas, asfalto deformado e ruas intransitáveis. Esses são os desafios que pedestres e motoristas do Distrito Federal enfrentam diariamente. Somam-se aos transtornos a falta de manutenção, a baixa qualidade da pavimentação e a multiplicação das erosões causadas pelas fortes chuvas que caíram nos meses de fevereiro e março deste ano. Quem mora em Vicente Pires, Ceilândia, Sobradinho e Sobradinho II ou transita pela DF-001 e pelo Setor de Embaixadas Sul precisa fazer malabarismo para desviar das crateras espalhadas pelas pistas.

Na Rua 8, uma das principais vias de Vicente Pires, por exemplo, a situação é de calamidade. A partir da Chácara 330, e em toda extensão da Vila São José, é quase impossível se esquivar dos buracos. Os condutores de carros e motos têm que escolher em qual deles vai cair. Em frente à Chácara 226, o asfalto já recuou mais de 30 centímetros e a água escorre por toda a via. A reportagem flagrou até mesmo um trator com dificuldades para passar pelo local.

Morador da Vila São José há 15 anos, o comerciante Wabson Martins, 42 anos, conta que o sofrimento da população com o problema é uma constante. Envergonhado e ao mesmo tempo revoltado com a falta de uma solução para a questão, Martins pede melhorias. ;Com todo o dinheiro que o governo já gastou aqui tapando os buracos, poderia refazer todo o asfalto e ter criado um sistema de águas pluviais. Pago meus impostos em dia e não vejo nenhuma obra;, desabafa.

A situação é muito semelhante na Rua 3 ; que liga a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) à Estrutural. Próximo à Chácara 90, os condutores têm de fazer zigue-zague pela pista e os pedestres têm que disputar espaço com carros, motos e ônibus, pois não existem calçadas no local. O representante comercial Jhonny Carvalho, 22 anos, mora na região há 12 anos e vai para o trabalho de carona de moto com um amigo. Ele conta que diariamente se sente inseguro quando trafega pela rua. ;Essa semana, quase caímos em uma vala porque fomos fechados por um carro. Vicente Pires está jogada às traças, ninguém quer resolver nada;, lamenta.

A administradora da cidade, Maria Celeste Liporoni, admite que em alguns pontos da região administrativa a condição das vias é ;crítica;. No caso da Vila São José o caso é mais grave porque as casas foram construídas sobre minas de água. Maria Celeste esclarece que até agora foram feitas obras ;paliativas;, pois o material usado nas operações tapa-buraco ;não é de qualidade;. Ela destaca ainda que o problema será solucionado com a construção do sistema de águas pluviais na cidade. A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) concedeu ontem uma outorga prévia para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) desenvolver o projeto. Para que as obras sejam iniciadas, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram) também precisa emitir uma licença. Até lá, as crateras devem continuar abertas.

Baixa qualidade
Os condutores de Sobradinho também sofrem com os buracos espalhados pelas ruas. O motorista que faz o balão e entra na via principal que corta as quadras 5 e 7 é surpreendido com uma abertura na entrada da pista. No sentido contrário, o cenário é o mesmo. Nos conjuntos C e D da Quadra 7 a situação é semelhante. As crateras estão nos dois sentidos. A Administração Regional de Sobradinho I esclarece que possui três equipes para tapar buracos, mas conta com um serviço telefônico para atender a população. Os moradores podem entrar em contato pelo telefone 3453-9130 e avisar quais locais precisam de reparos.

Na DF-420, principal via de acesso a Sobradinho II os motoristas precisam de muita habilidade para desviar das crateras de vários tamanhos que estão em toda a pista. No balão de acesso àvia, a reportagem se deparou com três buracos e, apenas nos primeiros dois quilômetros, foram contabilizados mais 39. Morador de Sobradinho II desde 2007, Bruno Luiz da Conceição Gomes, 23 anos, já perdeu dois conjuntos de roda e pneu depois de cair nas fendas que se espalham no asfalto. Gomes comenta que a suspensão e os amortecedores do veículo também precisam de manutenção constante. ;Estou com uma roda empenada. Quando chove, a situação piora. Os mecânicos faturam com isso e o nosso prejuízo é grande;, reclama.

O assessor da administração de Sobradinho II Paulo Roberto Oliveira esclarece que a recuperação da DF-420 está entre as prioridades da nova gestão. Ele destaca, porém, que, no período de chuvas, a qualidade do serviço cai cerca de 60%. ;A água solta o remendo feito. Estamos gastando diariamente de 4 a 7 toneladas de material para tapar esses buracos;, comenta.

Tempo fechado
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que até sábado faça sol e calor em todo o Distrito Federal, com possibilidade de pancadas de chuva isoladas, motivadas pelos altos índices de umidade. Segundo a meteorologista do Inmet Morgana Almeida há a tendência de tempo chuvoso a partir de domingo.

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