Jornal Correio Braziliense

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Grupo de motoristas fura greve da Coopatram e três ônibus são apedrejados

A greve dos funcionários da Cooperativa dos Profissionais Autônomos de Transporte (Coopatram) já dura 19 dias e o impasse entre funcionários e empresários só aumenta. No final da tarde desta quarta-feira (30/3), por volta das 17h, a greve foi furada por cerca de 20 ônibus da cooperativa, de um total de 80, que saíram de Planaltina rumo ao Plano Piloto. Alguns destes ônibus acabaram alvejados por pedras e bolas de gude em forma de protesto.

[SAIBAMAIS]Para o Sindicato dos Rodoviários, os próprios empresários teriam danificado os ônibus para posteriormente acusar os funcionários. Os empresários, por sua vez, afirmam que os trabalhadores estariam intimidando os próprios colegas de trabalho que são favoráveis ao fim da greve.

José Carlos Fonseca, conhecido como Gibran, é diretor do Sindicato dos Rodoviários e afirma que os responsáveis por furar a greve são os empresários cooperados, apoiados por um pequeno grupo de funcionários. Gibran diz que o posicionamento da maioria dos funcionários é de só voltar ao trabalho após receber os salários atrasados. Eles estão sem receber desde janeiro. Os empresários, por sua vez, querem que os motoristas e cobradores voltem ao trabalho para acumular dinheiro em caixa para pagar os vencimentos devidos.

Em tentativa de assembléia dos funcionários organizada ontem, o Sindicato dos Rodoviários acusou a diretoria da Coopatram de se infiltrar em meio aos motoristas e cobradores para causar tumulto e tentar enfraquecer a manutenção da greve. Gibran acusa os empresários de terem levado inclusive parentes e vizinhos à Assembléia. "Uma nova assembléia está prevista para amanhã, em local fechado, para que possamos controlar a entrada das pessoas", afirma Gibran.

Já para o diretor de comunicação da Coopatram, Luiz Flávio Batista, durante a conturbada assembléia de ontem alguns funcionários teriam procurado a diretoria para voltar ao trabalho. Segundo ele, eles fizeram uma proposta de dividir o lucro obtido nas viagens entre motoristas e cobradores, após ser descontado o custo do diesel consumido. Batista afirma que a diretoria da Coopatram teria gostado da proposta.

Segundo Batista, alguns ônibus que deixaram a garagem acabaram atingidos por pedras e bolas de gude. No Plano Piloto, dois carros foram apedrejados, um na 214 Norte e outro na Ponte do Bragueto. Um terceiro ônibus teria sido alvejado por bolinhas de gude atiradas na passarela de Mestre D;Armas, em Planaltina.

Gibran acusa os diretores da Coopatram de agirem de forma irresponsável e precipitada. "Essa prática de furar a greve só coloca em risco a população que vai ser transportada", lamenta o diretor do sindicato. De acordo com ele, alguns ônibus saíram com cooperados ao volante, substituindo os motoristas.

O Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal terá trabalho para harmonizar as partes envolvidas e chegar a um consenso. O órgão tem feito o papel de intermediador entre funcionários e empresários cooperados. Após várias reuniões, entretanto, o impasse continua e, após os eventos de hoje, o clima só tende a esquentar.