postado em 07/04/2011 07:00
Depois dos sucessivos aumentos nas bombas desde o início do ano, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), José Carlos Ulhôa, responsabilizou ontem as distribuidoras e disse que os donos de postos não têm qualquer culpa pelos reajustes da gasolina e do álcool. Ele atacou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e, ao negar a prática criminosa de cartel, chamou de ;paralelismo natural; a quase inexistente variação de preços na capital do país.Por pouco mais de uma hora, o representante dos empresários do setor deu explicações sobre a alta dos preços e lançou uma campanha: cerca de 250 mil fôlderes com detalhes da composição do valor da gasolina (veja arte) serão distribuídos nos postos. De acordo com ele, os impostos representam 37,75% do preço final do combustível. O lucro bruto dos revendedores ficaria em torno de 14,25%. ;Essa margem é altamente saudável. Não é verdade que ganhamos rios de dinheiro;, disse.
Ulhôa foi enfático ao criticar a ANP, que, na última semana, apontou o litro do etanol no DF como o mais caro do Brasil. O empresário acusou os técnicos de não visitarem todos os postos que aparecem na lista oficial. ;São erros crassos e sérios, que induzem a opinião pública e jamais deveriam ocorrer;, comentou. Em nota, a ANP informou que os valores divulgados toda semana correspondem àqueles repassados pelos postos no momento da pesquisa de campo.
Sobre a razão de os preços no DF estarem acima da média nacional, Ulhôa jogou a culpa para as distribuidoras. ;É lamentável, mas não há explicação por parte do sindicato nem dos donos de postos. Vamos pegar as distribuidoras, perguntem a elas;, sugeriu. Horas depois, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, rebateu os comentários. ;São afirmações graves, que me surpreendem. Não sei por que ele resolveu apelar para acusações. Supor um conluio em Brasília seria, no mínimo, ingênuo e leviano;, disse.
Investigação
Em relação às investigações em andamento sobre um possível cartel no DF, o representante da categoria enfatizou que, por ora, há somente indícios de que o sindicato estaria interferindo nos preços. ;Vão ter que provar;, afirmou, após tentar explicar a semelhança de preços. ;É natural. Não existem reuniões, telefonemas, combinação, nada disso. Cada dono de posto precisa preservar seu cliente. Outro ponto é que estamos falando de produtos iguais;, argumentou.
Ulhôa informou que ;cinco empresas detêm 42% do mercado;. E deu a entender que a concentração nas mãos de poucos contribui para os preços praticamente iguais. ;Não há como ser diferente. A partir do momento em que a Gasol (a maior rede, com 91 postos) coloca o preço deles, é natural que você (o consumidor) leve um susto. Não vai acontecer (de ter preços diferentes). No momento em que um abaixa, todo mundo abaixa;, avisou.
Diante dos holofotes, o presidente do sindicato aproveitou para ironizar a atuação do deputado distrital Chico Vigilante (PT), que organiza boicotes contra as maiores redes. ;Ele virou ;Chico Shell;, agora defender a Shell;, atacou.
Em resposta, o parlamentar avaliou que a campanha lançada ontem pelo sindicato é sinal de que a pressão pela queda dos preços já incomoda os empresários. ;Não estou defendendo Shell nem ninguém. Estou dando um grito de revolta;, afirmou Vigilante.