Cidades

Reforma inacabada na EPTG confunde condutores e causa acidentes

postado em 09/04/2011 07:15
A maior fluidez do trânsito na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) não garante ao motorista que ele chegará facilmente ao destino desejado. Isso porque quem ainda não se habituou com as mudanças na via pode acabar se perdendo caso siga a deficitária sinalização da pista. A falta de placas e a colocação dessas indicações em locais inadequados torna difícil seguir do Plano Piloto ao Setor de Indústria e Abastecimento (Sia), por exemplo, e até mesmo ao Guará. O acesso ao Setor Habitacional Lucio Costa, ou, no sentido contrário, ao viaduto que segue para Águas Claras, também carece de indicações. O resultado é um grande número de acidentes. Nos últimos seis meses de 2010, foram registradas sete mortes na DF-085, segundo números do Departamento de Trânsito (Detran-DF). Dados contabilizados pelo Correio mostram que, em 2011, outras duas pessoas perderam a vida na EPTG, uma delas, no último fim de semana.

A falata de sinalização  faz com que muitos motoristas se percam ou acabem envolvidos em colisõesMas os perigos ocasionados pela ausência de placas não param na falta de direção dos condutores. Em trechos onde há mão dupla, próximos ao Lucio Costa, ou em mão única ; como no viaduto utilizado por quem sai de Taguatinga para seguir até a Estrutural ; também não existe qualquer advertência. ;Eu já perdi as contas das vezes que me confundi por aqui. Se você perde a primeira entrada para Vicente Pires, acaba indo parar em Taguatinga;, reclama a técnica em enfermagem Lúcia Costa, 32 anos, que utiliza a EPTG diariamente. De acordo com a Secretaria de Transportes, a licitação para colocação de sinalização na via já foi lançada. Ao todo, serão gastos R$ 1,5 milhão em placas, além de R$ 1,9 milhão com guard rails e tachões.

A escolha da empresa que será responsável pelos canteiros da via, com a colocação de grama, também foi aberta. A concorrência pública estava suspensa desde dezembro do ano passado, após indícios de irregularidades. O gramado e a instalação de calçadas custarão aos cofres públicos um investimento de R$ 2,6 milhões. Com as obras, o governo busca resolver outro problema que atormenta os pedestres que passam pela EPTG: a quantidade de terra e lama nas vias. As chuvas fazem com que o material depositado nos canteiros centrais e laterais vá parar no asfalto. Unido à falta de drenagem, o resultado são alagamentos isolados e lama por todo lado.

E não é preciso muita chuva para que os bolsões de água comecem a se formar. No fim da manhã da última terça-feira, cerca de 20 minutos de precipitação foram suficientes para alagar parcialmente as vias marginais na EPTG, próximas à entrada de Vicente Pires. Pedestres, carros e motos tentavam desviar, em vão, das poças. ;Quando chove, é um problema. Além de engarrafar o trânsito, o que já é natural aqui, os carros têm que ficar desviando das poças maiores;, diz a professora Ana Paula Silva, 43 anos, moradora do Guará. Segundo a Secretaria de Transportes, também foi lançada uma licitação para que sejam construídas galerias de águas pluviais. O custo da obra está estimado em R$ 1,6 milhão.

Independentemente do clima, quem mais reclama das condições da EPTG são os pedestres. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) desativou, ;em caráter definitivo;, todas as faixas de pedestres da via. Agora, as pessoas têm como opção de travessia 15 passarelas aéreas ao longo dos 12,7Km. Dessas, duas estão situadas na região que corta o Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA). Para controlar a velocidade dos motoristas que trafegam na estrada, cujo limite é 80 km/h, também foram instalados cinco radares eletrônicos fixos. Mesmo assim, reclamando da grande distância entre as passarelas (em média 800m), muitas pessoas que circulam pela região preferem se arriscar entre os carros. ;Eu só passo aqui à noite e não acho nada seguro usar essa passarela. Fora que é muito longe;, considera a doméstica Maria Sueli, 43 anos.

Abusos
Para evitar abusos dos condutores, o Comando de Policiamento Rodoviário (CPRV) afirma que há fiscais na estrada 24 horas do dia. ;Hoje, no entanto, temos uma via com características que dificultam a fiscalização. As pistas são amplas e o volume do tráfego é grande. Se fizermos uma barreira, travamos todo o trânsito;, explica o major Stefano Lobão. Entre as ações desenvolvidas no local, estão a repressão às infrações de trânsito em geral e aos motoristas que dirigem alcoolizados. O mesmo grupo da Polícia Militar também é responsável pela fiscalização da DF- 079, que liga a Estrada Parque Núcleo Bandeirante à EPTG, e da DF-087, que faz a conexão da Estrutural com a via.

Por não contar com fiscalização eletrônica, o corredor exclusivo para ônibus na EPTG virou faixa para condutores apressados. Tudo porque os 300 ônibus que vão circular pela faixa especial precisam ser equipados com portas dos dois lados dos veículos, mas a licitação para compra desses carros também está parada no TCDF. Com isso, as 30 paradas construídas no canteiro central da EPTG para reduzir o tempo de espera dos usuários estão abandonadas e as pistas ganharam nova serventia. ;Sempre sou cortado por carros nessa via, é algo constante;, diz a motorista Vivian Limas, 23 anos. Segundo o secretário de Transportes, José Walter Vasquez, um estudo está avaliando a viabilidade de que os ônibus especiais circulem na EPTG. ;Como são veículos longos, estamos estudando se é viável que eles circulem pelas comerciais de Taguatinga, bem como a possibilidade de manobras dos carros. Depois disso, vamos procurar o Tribunal de Contas para pedir a liberação da licitação para a compra dos meios;, disse. A expectativa é de que o estudo fique pronto nos próximos 15 dias.

Detalhes
A Lei de Licitações (n; 8.666/93) estabelece que o edital de concorrência deve conter detalhes com nível de precisão para caracterizar o objeto da licitação. O edital deve ser elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução.

Lista de reclamações
; Falta de placas de sinalização
; Poucas passarelas para a travessia dos pedestres
; Ausência de sistema de drenagem de águas pluviais
; Inexistência de calçadas

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