Cidades

Burocracia trava investimento de empresários para a Copa de 2014

postado em 09/04/2011 07:20
Ainda não foi dada a largada na maratona que empresários e o Governo do Distrito Federal deverão percorrer até 2014, quando desembarcam no país 600 mil turistas ansiosos pelos jogos da Copa do Mundo e dispostos a deixar muito dinheiro nas cidades-sedes. Ontem, donos de empresas do segmento turístico estiveram reunidos com representantes do Executivo para discutir a possibilidade de ampliar investimentos por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Enquanto proprietários pedem ajuda a fim de se especializar e ampliar lucros, o governo aproveita a chance para reforçar antigas ferramentas de financiamento. Porém, até o momento, há apenas desconfiança de ambos os lados.

Apesar do vultoso valor disponível ; R$ 879 milhões somente para uso do DF em 2011;, e dos juros baixos, o FCO nunca foi o caminho mais fácil para chegar ao financiamento. Em 2010, apenas 20% do montante disponível custearam projetos locais. O baixo percentual não ocorreu por falta de interesse, mas pela burocracia e lentidão próprias do processo. Durante o evento, alguns empresários compartilharam as dificuldades que tiveram tanto no Banco do Brasil (BB) quanto no Banco de Brasília (BRB). Os mais insistentes chegam a aguardar de oito meses a um ano apenas para receber o resultado da análise do pedido de financiamento e para saber se a liberação do recurso foi autorizado.

Outro agravante apontado pelos tomadores dos empréstimos é a falta de transparência nas avaliações. Quando uma consulta é negada, por exemplo, o empreendedor pode nunca saber qual foi o erro que impediu a liberação do dinheiro. As críticas da plateia foram acompanhadas de um alerta do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF), Adelmir Santana. Segundo ele, Brasília tem singularidades que não deveriam ser desprezadas. ;O formato deve dar garantias institucionais. A necessidade de apresentar alvará é um problema que precisa ser resolvido.;

Ele explica que empresas que atuam na capital federal dificilmente conseguem autorização para ocupar a área. ;Sem licença ou inscrição no CNPJ não é possível abrir nem uma conta no banco. Mas veja bem, um advogado com escritório no Setor de Rádio e TV Sul não está em local apropriado. Por isso não terá alvará. Como resolver?;, questiona.

Segundo o secretário de Micro e Pequena Empresa do DF (SMPES), Dirsomar Chaves, encontrar uma solução para esses casos significa atender a milhares de mini, micro e pequenas companhias, que somam 98% do universo das firmas instaladas no DF. ;No ano passado, foram abertas 11 mil empresas de pequeno porte, a maioria delas sem alvará;, conta.

Até setembro
Apesar de não haver mudanças na maneira como o FCO é oferecido, o secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Marcelo Dourado, se comprometeu a tornar o processo mais rápido. ;Vamos resolver os gargalos. Águas passadas não movem moinhos. O importante é manter o otimismo;. Ele também explicou que toda a verba prevista para o DF deve estar atrelada a projetos até setembro. Depois disso, há uma nova divisão, igualitária, das sobras acumuladas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e DF.

Se todo o dinheiro estiver prometido nas unidades federativas, a redistribuição não é necessária. Além disso, Marcelo Dourado pensa em criar uma linha de crédito específica para Copa do Mundo. ;O projeto ainda será discutido, possivelmente em maio. Sabemos que apenas o FCO não será suficiente, para preparar as empresas para a demanda de 2014, mas o programa deve ser visto como uma maneira de começar de forma significativa a implantação de infraestrutura no DF;.

O representante do Banco do Brasil, Luismar Machado, tomou nota das reclamações e garantiu que a instituição vai capacitar 300 funcionários, das 100 agências da cidades, até o meio do ano para atender melhor aos empresários. ;O treinamento é para qualificar o pessoal. Não sei se vai resolver o problema, mas essa é a intenção. Além disso, o SAC do BB está à disposição para registrar todos as eventuais dificuldades;.

Recurso
O Fundo foi criado em 1989 para dar suporte ao desenvolvimento econômico e social da região, amparando a execução de programas de financiamento dos setores produtivos, como indústria, infraestrutura, turismo, comércio ou serviço e comércio rural.

Documentação
Exigências

;
Projeto de financiamento ou proposta simplificada
; Orçamentos detalhados
; Cadastur
; CND do INSS e CRF do FGTS
; Carta-consulta
; Anuência do proprietário e contrato de locação
; Balanço dos últimos três anos e Balancete com defasagem máxima de 3 meses (não optante do Simples)
; Outros documentos exigidos pelos órgãos regulamentadores de construção, alvará sanitário, licenciamento ambiental, outorga d;água etc)

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