Cidades

Programa de valorização da memória da comunidade chega à Estrutural

postado em 09/04/2011 17:16
Mais uma etapa do Programa Ponto de Memória, do Ministério da Cultura, foi realizada neste sábado (9/4) na Vila Estrutura. A iniciativa busca reconstruir a memória social e coletiva de comunidades, a partir do cidadão, de suas origens, suas histórias e seus valores. Além da Vila Estrutural, o programa atende mais 11 comunidades do país.

Maria Abadia Teixeira de Jesus, costureira, alfabetizadora e militante do Movimento de Mulheres na Vila Estrutural participou hoje do curso Oficina de Acervo. Para ela, o projeto é importante pela valorização da história local e das pessoas que fundaram a cidade. "Nós estamos sendo preparados para entender como se aproximar das pessoas e falar sobre a nossa comunidade. Para construirmos a história que a gente quer que seja contada sobre a Estrutural;, disse.

História
Agora, o objetivo é envolver o maior número possível de pessoas da comunidade no programa, incluindo os jovens, que serão responsáveis por transmitir a história do lugar às gerações futuras. Além disso, explica Maria Abadia, existe a necessidade de retirar os jovens da inércia para que eles possam retornar à história dos pais e procurar encontrar formas de lutar por uma vida melhor para si e para a sociedade.

Desde 2008, a Vila Estrutural tem recebido profissionais do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ligado ao Ministério da Cultura, para preparar a comunidade para desenvolver o projeto, segundo Maria Abadia. Uma das oficinas, por exemplo, chamada de ;O que é memória;, foi dirigida pelo professor Mário Chagas, museólogo e doutor em ciências sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

No dia 21 de maio, quando será realizada a 4; Semana Nacional de Museus, haverá uma exposição dos processos que já foram implementados na comunidade. ;A gente ainda não sabe como irá ficar, o nome, essas coisas, mas deverá ser um museu porque terá histórias e objetos, coisas guardadas. Não temos nada definido. Por enquanto, estamos na fase do desenvolvimento do projeto, que deve ser concluído em 2011;, disse.

Por enquanto, as reuniões na Vila Estrutural estão sendo realizadas no espaço conhecido como Casa dos Movimentos, utilizado por diversos grupos para discutir projetos e problemas da comunidade. A comunidade articula com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal um espaço comunitário próprio para o projeto Ponto de Memória.

Responsável pela oficina realizada hoje, a museóloga Mirela Leite de Araújo trabalha com questões como acervo e patrimônio, além de dar as orientações a respeito da montagem da exposição do dia 21 de maio sobre o Ponto de Memória e a história da Estrutural.

;Estamos discutindo qual o tipo de memória, como o acervo pode ser coletado e como fazer um inventário participativo. Além disso, o que é selecionado para uma exposição, quais as linguagens, os recursos da exposição e o público que vai participar.;

Para a historiadora e mestra em Memória Social, Inês Gouveia, que também foi à Vila Estrutural participar da oficina, o importante é fazer com que a iniciativa se torne um ponto de reflexão crítica sobre a memória local. Além disso, o projeto tem o intuito de ampliar a discussão com a comunidade para a constituição de museus comunitários. ;Com isso, fazer registro e coleta desse acervo, material e imaterial, reportagens e histórias que os moradores transmitirão para guarda e exposições;, informou Inês Gouveia.

O morador da Vila Estrutural e conselheiro do Ponto de Memória da Vila Estrutural Adroaldo Dias Alencar destaca que o importante é que a história seja contada pelos moradores, sem distorções e sem rótulos que depreciem a comunidade.

De acordo com informações da Administração Regional do Setor Complementar de Indústria e Abastecimento do Distrito Federal, a Vila Estrutural ocupa uma área de 154 hectares. Conhecido antigamente como ;Lixão da Estrutural;, o local começou a ser ocupado na década de 60, após a inauguração de Brasília. Na época, muitos catadores de lixo iam para região e contruíam seus barracos. Hoje, cerca de 35 mil pessoas vivem na região.

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