Cidades

Rede de captação e escoamento de água pluvial está há anos sem investimento

Adriana Bernardes
postado em 12/04/2011 07:57
Os alagamentos no Distrito Federal ocorrem por falta de investimento no sistema de captação e escoamento das águas da chuva. As redes construídas ao longo dos últimos 50 anos estão saturadas e não comportam o volume cada vez maior da enxurrada em virtude da ocupação urbana e da impermeabilização do solo. Os pontos críticos são velhos conhecidos dos moradores e do governo que, finalmente, decidiu iniciar as obras de ampliação das redes e a construção de bacias de contenção prevista no projeto Águas do DF, estimado em US$ 200 milhões (ou aproximadamente R$ 330 milhões).

Em até 70 dias, a Secretaria de Obras pretende divulgar a licitação da primeira etapa do projeto que foi dividido em quatro fases. A primeira delas consiste em refazer toda a rede das quadras 10 e 11 da Asa Norte e construir uma bacia de contenção das águas pluviais próxima ao Iate Clube (veja arte). A estimativa de custo é de R$ 27 milhões, sendo que 40% virão dos cofres do GDF e o restante, de um convênio com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A região é considerada prioridade, segundo o secretário de Obras, Luiz Pitiman.

A segunda fase do projeto vai contemplar as quadras 1 e 2, também da Asa Norte. O custo estimado é de R$ 44 milhões e prevê a construção de novas redes, além de dois reservatórios e uma bacia de retenção de água. A terceira etapa, na Asa Sul, é considerada a mais complexa. A estimativa é que sejam aplicados R$ 75 milhões na construção de três bacias de contenção dentro do Parque da Cidade e na troca da tubulação das quadras 13 da Asa Sul. A quarta e última fase do Águas do DF refere-se às intervenções necessárias para acabar com os alagamentos das avenidas Hélio Prates, Samdu e Comercial, de Taguatinga.

Recursos
De concreto, o governo só tem assegurados até agora os recursos necessários para a primeira fase do projeto. Mas, na avaliação de Pitiman, assim que a licitação for concluída, as licenças e os recursos deverão ser liberados. ;Temos convicção de que receberemos novo apoio do CAF para dar continuidade às obras;, disse. A partir do momento em que forem iniciadas, as obras causarão transtornos à população. ;Não é uma obra simples. Será preciso fazer buracos para ampliar a rede;, explica Pitiman.

Além dos recursos para as etapas 2 a 4, o governo tem outro desafio para acabar com as enchentes no Plano Piloto: obter as licenças ambientais e conseguir autorização da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para construir as bacias e os reservatórios. Por se tratar de uma área tombada, existem restrições severas às edificações que modifiquem a paisagem urbana. ;É por isso que, em todas as discussões, convidamos os órgãos responsáveis para encontrarmos juntos uma solução. As bacias do Parque da Cidade são as mais complexas. Mas não existe na Asa Sul outro lugar em que possam ser construídas. E precisamos conter as águas do Sudoeste para que elas não provoquem as enchentes na Asa Sul;, argumenta Pitiman.

Os danos causados pela chuva obrigaram o administrador de Brasília, Messias de Souza, a modificar a Operação Cidade Limpa. As ações de limpeza de bueiros, poda e recolhimento de galhos tiveram de começar pela 109 Norte, quadra considerada mais crítica. ;A chuva forte arrastou muito lixo. Esse não é um fenômeno novo. Algumas tesourinhas sempre alagam. O problema maior está entre as quadras 407 e 412 e de 207 a 212 Norte, por conta de um desnível do terreno;, explicou.

Colaborou Thaís Paranhos

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