Naira Trindade
postado em 13/04/2011 10:20
A maior parte da rede de captação de água do Distrito Federal nunca passou por ampliação. O resultado são as complicações enfrentadas pelos brasilienses ao longo dos anos após intensas chuvas. Projetada para durar 15 anos, parte das tubulações já completou meio século e não comporta mais a quantidade expressiva de água recebida em poucos instantes de temporal. No Plano Piloto, as quadras 10 e 11 da Asa Norte são consideradas pontos críticos, e por isso, serão as primeiras a receber as melhorias por meio do Programa Águas do DF, do governo local. O projeto prevê o aumento de 20% na largura de alguns canos na 711.Orçado em US$ 200 milhões (cerca de R$ 330 milhões), o Águas do DF abrange o Plano Piloto e Taguatinga. Para outros locais que também sofrem com as enchentes, como Vicente Pires e São Sebastião, a Secretaria de Obras estuda propostas específicas. Cenário de um desastre natural após as chuvas de domingo, a Universidade de Brasília (UnB) será beneficiada com as mudanças na rede de drenagem pluvial. O aumento na captação deve impedir que trombas d;água escorram e destruam tudo que encontram pela frente, como aconteceu no Instituto Central de Ciências (ICC) Norte, o Minhocão (leia reportagens nas páginas 28 e 29).
Nas quatro áreas mais críticas apontadas pelo Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), no fim da Asa Norte, estão as tesourinhas das 210 e 211. Muitos motoristas são surpreendidos pelos alagamentos nesses pontos. Alguns carros já chegaram a ficar completamente submersos. Bem próximo dali, na 209 Norte, certa vez, o Corpo de Bombeiros precisou resgatar o condutor de um Uno que ficou ilhado em cima do veículo após a água subir por mais de 3m na tesourinha (leia Memória). Para desafogar as áreas, o governo prevê a construção de galerias subterrâneas. As novas canalizações receberão todo o fluxo que desce de quatro pontos diferentes (veja mapa).
Na 711 Norte, um pequeno trecho da tubulação será substituído. Os canos de 1 metro de diâmetro serão trocados por outros de 1,2m. ;O tamanho será suficiente para atender a área;, esclarece a responsável pelo Projeto Águas do DF, a subsecretária da Secretaria de Obras, Rossana Cunha. Além disso, redes de microdrenagem vão aliviar três das macrogalerias já existentes. ;Os ramais secundários, como bocas de lobo e bueiros, não são capazes de captar toda água pluvial e acabam entupidos. Com a macrodrenagem, os ramais menores podem ser escoados para os principais, evitando o problema das enchentes;, explicou o professor Henrique Chaves, especialista em Manejo de Bacias Hidrográficas da Faculdade de Tecnologia da UnB.
Uma bacia de contenção de água da chuva a céu aberto também está prevista no estudo. Ela ficará no canteiro central da L4 Norte. ;A bacia será a primeira no DF. Ela vai conter a água. Com ela, a água cairá mais limpa no Lago Paranoá;, completou o adjunto da Secretaria de Obras, Danilo Pereira Aucélio. O início da licitação do projeto está previsto para 70 dias.
E EU COM ISSO
A construção de redes de captação de águas da chuva protege o meio ambiente, evita gastos futuros com reparos do asfalto e, principalmente, previne o alagamento das ruas da cidade. No entanto, apesar de ser um pré-requisito nas obras de engenharia, o sistema de drenagem pluvial não fez parte do planejamento de Brasília. Dados informados pela Secretaria de Obras, no ano passado, mostram que menos de um quarto das vias urbanas da capital federal tem galerias para captar a água da chuva. Com isso, os brasilienses precisam conviver com inundações com a chegada de qualquer temporal. Na Asa Norte, o problema é crônico. Toda vez que chove forte, alguns pontos ficam intransitáveis, principalmente as tesourinhas.