Cidades

Impostos altos não atrapalham a venda de carros no DF

postado em 15/04/2011 08:02
Mesmo sem o auxílio do benefício do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) reduzido, o setor automotivo fechou o primeiro trimestre de 2011 com as vendas em alta no Distrito Federal. Dados divulgados pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do DF (Sincodiv-DF) mostram que, de janeiro a março deste ano, foram vendidas 28.335 novas unidades, contra 26,7 mil no mesmo período de 2010 ; uma expansão de 6,11%. No cenário nacional, deu-se fenômeno semelhante. As estatísticas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) indicam 777.725 carros vendidos nos três primeiros meses de 2011, resultado 3,62% superior com relação aos 750.504 veículos comercializados em igual época do ano passado.

Apesar dos bons resultados trimestrais, em março os revendedores de carros amargaram queda nas vendas frente ao mesmo mês do ano passado. Novamente, o movimento foi constatado tanto no DF quanto no país. Em Brasília e região, houve decréscimo de 20,33% nas unidades vendidas, cujo número recuou de 12.378 para 9.862. No Brasil, a queda foi de 14,41%, de 337.384 para 288.758 veículos comercializados no período.

De acordo com o Sincodiv-DF, a forte queda nas vendas em março deste ano, na comparação com igual mês de 2010, se explica pelo fim do desconto de IPI. Há exatamente um ano, a alíquota menor estava em seus últimos dias de vigência. A notícia de que a vantagem fiscal terminaria em breve ; ela foi extinta em 31 de março do ano passado ; provocou uma corrida às concessionárias de veículos, que bateram recorde de vendas.

;No ano passado, a notícia de que terminaria a isenção do IPI provocou uma grande antecipação de compras. Mas o setor está indo bem em 2011. Tanto que tivemos ótimos resultados no primeiro trimestre. Além disso, na comparação mensal (em relação a fevereiro), as vendas de março cresceram;, afirma Hélio Aveiro, diretor do Sincodiv-DF. Ele refere-se às 251 unidades extras comercializadas no mês passado frente a fevereiro, que representaram um incremento de 2,61% entre um período e outro.

Expectativas
Aveiro mostra-se otimista quanto ao desempenho do setor automotivo em 2011 e não acredita que medidas de contenção de consumo e crédito, como a elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), possam atrapalhar as previsões. ;Não houve nenhuma suspensão de compra em função disso. Não está havendo preocupação do consumidor quanto a um possível financiamento mais caro, até porque o impacto no valor da prestação não foi tão grande. Achamos que o cliente está confiando no governo, na economia;, declara o diretor do Sincodiv-DF.

Entretanto, o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), alerta para os perigos do endividamento, no âmbito de uma economia que não deve apresentar os mesmos níveis de crescimento registrados no ano passado. ;O consumidor parece não estar se importando com o IOF, nem com outras medidas do governo, como a redução do prazos de financiamentos e a exigência de entrada. Mas pesquisas demonstram que as famílias já estão muito endividadas. Se os prazos forem vencendo e as pessoas não conseguirem renovar o crédito com a mesma facilidade, elas poderão assumir empréstimos com condições mais onerosas e maior risco. Consequentemente, haverá alto comprometimento da renda;, alerta.

O gerente de vendas Ismail Pereira de Sousa, à frente de uma loja de veículos zero no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), comemora os bons resultados do início de 2011, e admite que as montadoras e os bancos que fazem financiamento automobilístico têm encontrado formas de driblar as restrições ao crédito para garantir um mercado aquecido. ;As lojas estão parcelando a entrada, e as próprias montadoras têm se proposto a absorver o impacto da alta do IOF;, afirma.

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