postado em 16/04/2011 08:00
A ponte aérea Brasília-Miami consolidou o sul da Flórida como destino preferido dos brasilienses. Os voos diretos iniciados no fim do ano passado aumentaram a quantidade de pacotes fechados nas agências de viagem e despertaram moradores da capital do país para investimentos em solo americano. Coincidência ou não, o número de vistos emitidos na Embaixada dos Estados Unidos também subiu. Diante da demanda aquecida, a American Airlines anunciou que, a partir de 14 de junho, inaugurará o quinto voo semanal, sem escala, partindo do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Representantes do mercado de turismo local apostam que, a partir do ano que vem, as empresas aéreas passarão a oferecer rotas diárias para Miami.
Entre os brasileiros, os moradores do DF são, proporcionalmente, os que mais viajam para a Flórida, segundo as principais operadoras de viagem que atuam na capital federal. De acordo com o gerente regional de Vendas da CVC, Cláudio Vila Nova, é muito comum clientes irem três ou até mais vezes por ano a Miami e a Orlando. Depois dos voos diretos, a média de passageiros que embarcam em Brasília, pela empresa, rumo a esses destinos saltou de 1 mil para 1,2 mil por mês, um crescimento de 20%. ;Não há outra definição: a Flórida virou moda. Se antes já era o nosso pacote mais vendido, agora, então, isso só se fortaleceu.;
Na baixa temporada, há pacotes vendidos a partir de US$ 930 ; cerca de R$ 1.580 ;, incluindo passagens aéreas e quatro noites em quarto duplo. O preço, por pessoa, pode ser parcelado em até 10 vezes sem juros. ;É um destino barato e sofisticado. O brasiliense adora dizer que passou o fim de semana na Flórida;, afirma Vila Nova. Na Bancorbras Turismo, após a possibilidade de voar sem conexão, Miami superou Nova York na procura por destinos norte-americanos. ;Ficou muito mais atrativo e o preço está relativamente baixo, na opinião dos clientes. Sem contar que o destino é conhecido por ser o paraíso das compras;, complementa Júnior Lins, gerente-executivo da Bancorbras no DF.
Sempre que vai a Miami ; já foram pelo menos 10 vezes ;, a assistente parlamentar Nicole Victor Rodrigues, 38 anos, leva uma mala grande praticamente vazia, somente com duas ou três mudas de roupa. Ela sabe que dificilmente resistirá à tentação de shoppings e outlets em solo norte-americano. ;Vale muito a pena. Sempre vou com um valor em mente para gastar, mas acabo ultrapassando;, confessa a brasiliense, que na última viagem chegou a torrar algo em torno de US$ 5 mil em 15 dias. ;A gente surta. Às vezes, entra e compra sem nem avaliar se está precisando mesmo do produto;, completa Nicole, que elogia os voos diretos e adianta que pretende ir mais vezes para a Flórida, acompanhada do marido e da filha, de 9 anos.
Desde 2008, a psicóloga Ana Luiza Favato tem ido a Miami com a família, no mínimo, duas vezes ao ano. ;Fomos em janeiro e já temos passagens compradas para julho;, detalha. Atraída pelas compras, pelas praias e pelos amigos que têm apartamento na cidade norte-americana, Ana relata que costuma passar uma semana na Flórida em cada viagem. ;De Miami, vamos para Orlando ou para algum outro lugar perto. Da última vez, fizemos um cruzeiro;, acrescenta. O voo direto, diz a psicóloga, deve aumentar a frequência dos passeios com o marido e a filha. ;Facilita bastante, é muito melhor do que fazer conexão;, reforça ela, que já pensou em comprar um apartamento em Miami (leia matéria abaixo).
Voos cheios
A American Airlines começou a operar no terminal de Brasília em novembro do ano passado. A procura por passagens para Miami surpreendeu a empresa, segundo o diretor de Vendas e Marketing no Brasil, Dilson Verçosa Júnior. Em maio, mais um funcionário vai se juntar à equipe comercial na capital federal. ;Superou muito as nossas expectativas. Geralmente, novas rotas levam um ano para se consolidar. Em Brasília, foi rápido;, compara. A taxa de ocupação média tem sido de 72%, sendo que em alguns dias da semana os aviões decolam lotados, o que fez a companhia anunciar o quinto voo semanal durante os três meses de alta temporada. ;Até o fim do ano, esperamos conseguir autorização para voo diário;, completa.
A Tam, que passou a oferecer opções para Miami um mês depois que a American, não divulga números regionais, sob a alegação de que são informações estratégicas. Mas, segundo agentes de viagem do DF, os voos também estão cheios e a empresa pretende operar voos diários a partir do ano que vem. Na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ainda não há solicitação nesse sentido. Em nota, a Tam limitou-se a informar que está ;sempre estudando novas oportunidades;. As duas companhias deixam claro que, além dos turistas, os voos têm atendido a uma demanda de viajantes a trabalho, como diplomatas, servidores públicos e empresários. As rotas atraem, ainda, moradores de Goiânia, Palmas e outras cidades do Centro-Oeste e Norte.
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no DF (Abav-DF), Carlos Alberto de Sá, confirma o boom para Miami e sustenta que nos próximos anos Brasília deve receber novos voos internacionais. ;Nosso terminal virou um centro de distribuição, a exemplo do Galeão (Rio de Janeiro) e de Guarulhos (São Paulo). As companhias internacionais estão percebendo isso;, afirma. O primeiro voo sem escala para o exterior começou em 2007, com a já consagrada rota da TAP Brasília-Lisboa. Em 2009, a Delta Airlines iniciou voos para Atlanta, nos Estados Unidos. No ano seguinte, chegaram Lan, Taca e American Airlines ; além da brasileira TAM ter começado a voar para Miami. Este ano, será a vez da Pluna e da Copa Airlines.
Alta de 62%
Entre 1; de outubro de 2010 e 31 de março deste ano, segundo a embaixada dos Estados Unidos, foram emitidos, em Brasília, 44.142 vistos de turismo ou negócios. No mesmo período do ano anterior, esse número foi de 27.244. O crescimento foi de 62%. Os voos diretos para Miami começaram em novembro do ano passado ; não são apenas brasilienses que tiram visto na capital federal.