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Suspeitos presos por assassinatos em Luziânia são ligados ao tráfico

Polícia de Luziânia prendeu cinco acusados de envolvimento em quatro assassinatos recentes ocorridos na cidade. Todos eles têm relação com a venda e o consumo de drogas, principalmente o crack

Luiz Calcagno
postado em 20/04/2011 07:00

Maria de Oliveira Lima, mãe de Juliete, quer se mudar da cidade:

A Polícia Civil de Goiás prendeu mais um suspeito de violentar e assassinar a estudante Juliete de Lima Oliveira, 17 anos, em Luziânia (GO). Com isso, chegam a sete o número de pessoas detidas e suspeitas de envolvimento na morte da garota, sendo que dois foram liberados por falta de provas no início do mês. Uma das linhas de investigação relaciona o crime com os homicídios do engraxate Clelton da Silva de Oliveira, 15, do catador de papéis Elias Ferreira de Sousa, 48, e da garota de programa Maria Aparecida do Nascimento, 35. Todas as vítimas foram degoladas, e as mulheres sofreram violência sexual.

A Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva dos cinco suspeitos, levados para o Centro de Prisão Provisória (CPP) de Luziânia. Dois confessaram a morte de Elias, e três teriam participação direta no assassinato de Juliete. Faltam, no entanto, provas capazes de vinculá-los aos homicídios. O trio foi visto por testemunhas rondando a escola da estudante por volta das 11h30 de 31 de março, data da morte dela. A menina deixou o Colégio Estadual Professor Antônio Março de Araújo às 11h45 e não foi mais vista. Os álibis oferecidos pelos acusados acabaram derrubados pela polícia, de acordo com a titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), Dilamar de Castro.

Todos os detidos têm ligação com o tráfico de drogas na região. Pelo menos dois também trabalhavam como carregadores de caminhões em um posto de gasolina próximo ao local do assassinato da adolescente ; fica próximo à BR-040. A jovem morava no bairro Jardim Brasília Sul e estudava no Parque Estrela Dalva 2. Ela morreu a menos de dois quilômetros de casa. Clelton estudava na mesma escola de Juliete. Ele saiu do colégio na quarta-feira, 30 de março, e foi visto por irmãos e amigos pela última vez às 23h. O garoto foi encontrado em um matagal próximo ao Fórum de Luziânia na manhã do dia seguinte. A família de Clelton havia se mudado do bairro de Juliete havia dois meses.

Outra novidade nas investigações é que a Delegacia da Mulher e o Centro Integrado de Operações de Despacho (Ciops) trabalham agora em conjunto. Até o fim da semana passada, o Ciops só cuidava dos casos de Clelton e de Elias. No entanto, foi investigando o assassinato de Juliete que policiais da Deam encontraram os autores da morte do catador de papéis, além dos suspeitos do crime contra o engraxate. ;Conseguimos o relato de uma testemunha que liga as mortes de Clelton, Elias e Juliete. Mas o principal autor dos crimes é o crack. Todos os suspeitos são usuários da droga. Nossos agentes estão nas ruas checando tudo;, afirmou Dilamar.

DNA
A polícia colheu material biológico dos cinco suspeitos presos. Os dados serão comparados com o recolhido no corpo de Juliete. A garota tinha, por exemplo, pedaços de pele sobre as unhas, sinal de que tentou se defender do ataque. Os assassinos de Juliete ainda podem ser relacionados a um crime semelhante, ocorrido há cerca de quatro anos e meio. A estudante Thais Martins de Almeida, 15 anos, também morava no Jardim Brasília Sul, estudava no colégio do Parque Estrela Dalva 2 e acabou violentada e assassinada com um corte no pescoço no mesmo local que a garota.

Porém, de acordo com a mãe de Thais, a auxiliar de serviços gerais Simone Cristina Martins, 40 anos, o esperma encontrado no corpo da filha não teve chance de ser usado nas investigações. Ela ouviu de investigadores que as provas teriam sido colhidas de forma errada. Simone ainda tem esperanças de que, por meio das recentes apurações, a morte da filha seja esclarecida. ;Os exames de DNA que fizeram na minha filha também sumiram. Nunca tivemos o resultado. Eles não têm como comparar o que foi colhido na Juliete com o da minha filha, porque eles (os policiais) não têm nada;, desabafou.

A mãe de Juliete, a dona de casa Maria de Oliveira Lima, 51 anos, tem medo de que a morte da filha também fique sem solução. Ela disse que, ;quando tudo se resolver;, vai se mudar de casa. ;Não dá mais para ficar aqui. Vejo a minha filha em todos os cantos da casa. Não sei por que esse assassino fez isso com ela. Estamos sofrendo muito. Às vezes, penso que vou enlouquecer;, disse.

Segundo a polícia, esse tipo de investigação tem características pouco habituais. ;Quando um assassino mata um viciado, ele não tem vergonha de contar. Mas, quando se trata de uma adolescente, ele não quer assumir. Isso é o que costuma acontecer. É mais difícil nesses casos. Por isso, buscamos provas técnicas. Investigamos, por exemplo, a faca utilizada para matar Elias. Se os outros crimes foram cometidos com a mesma arma, encontraremos vestígios nela;, explicou o delegado adjunto do Ciops de Luziânia, Fabrício Costa.

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