Cidades

Os postos da capital federal já começaram a vender gasolina acima de R$ 3

postado em 22/04/2011 07:02

Alguns postos do Distrito Federal amanheceram ontem com o litro da gasolina comum a R$ 3,02. Pelo menos um posto na Asa Sul e outro no Riacho Fundo ultrapassaram a barreira dos R$ 3 no feriado do aniversário de Brasília. O aumento estava previsto para a última segunda-feira. A BR Distribuidora chegou a vender o combustível com o valor reajustado, como o Correio divulgou, mas recuou da decisão. O preço médio do combustível, na maioria dos estabelecimentos, continua a R$ 2,94. O valor mais barato encontrado pela reportagem foi de R$ 2,91.

A Rede Gasol, dona de um terço do mercado do DF, não mexeu na tabela. O gerente de um dos postos informou que o preço permaneceria o mesmo hoje, mas não descartou reajuste a partir de amanhã. ;Ainda não temos informação sobre aumento na distribuidora, mas se alguém já aumentou é porque deve ter ocorrido. Aí todo mundo vai aumentar;, comentou. O presidente da rede, Antônio Matias, não foi localizado até o fechamento desta edição.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF), José Carlos Ulhôa, afirmou que estava fora de Brasília havia dois dias e não tinha informações sobre aumento na distribuidora. ;Não sei, podem ser casos isolados;, disse. Na semana passada, empresários do setor não eliminaram a possibilidade de novos reajustes, sob a alegação de que, caso a distribuidora cobrasse mais pelo combustível, restaria ; como de costume ; repassar o aumento ao consumidor final.

Asa Sul
No Plano Piloto, a alta do preço chegou primeiro a um posto na 314 Sul. O litro da gasolina pulou de R$ 2,94 para R$ 3,02, variação de R$ 0,08. A alta assustou a servidora pública Sandra Rita de Medeiros, 30 anos, que mudou de ideia quando viu o novo valor na bomba. ;Fazia três meses que eu não colocava álcool. E mesmo assim só coloquei R$ 20, para sair da reserva;, contou ela, dona de carro flex. Segundo especialistas, Sandra não fez boa escolha. Para valer a pena, o preço do etanol deveria custar, no máximo, R$ 2,11. ;É algo pavoroso. Meu Deus, onde isso vai parar?;, desabafou.

Logo em seguida, a assistente administrativa Edileuza Fernandes, 38 anos, também parou para abastecer no posto e ficou indignada. ;Não costumo reparar no letreiro, só vi quando cheguei aqui;, contou. Com o valor mais alto, ela optou por não encher o tanque. Pagou R$ 50 por pouco mais de 16 litros de gasolina e foi embora disposta a ir mais vezes de ônibus ao trabalho. ;Vou ter que deixar o carro em casa. Não tem condições de ficar pagando esse preço. É um absurdo;, completou.

Se a alta vier a se consolidar, será o quarto aumento da gasolina somente este ano no DF. Entre fevereiro e março, o litro do combustível saiu de R$ 2,77 para R$ 2,86. Ainda em março, atingiu R$ 2,89. No dia 12 deste mês, chegou a R$ 2,94. Na última quarta-feira, motoristas protestaram com faixas e buzinaço em frente ao Palácio do Planalto. A Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça investiga os preços praticados no DF. A apuração, iniciada em 2009, ainda não foi concluída, mas o órgão garante que os trabalhos não estão parados.

Este mês, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) abriu novo procedimento para apurar se há lucro abusivo por parte dos empresários do setor. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), analisa o pedido para derrubar a lei distrital que impede instalação de postos de combustíveis em supermercados do DF. A ação chegou ao gabinete do magistrado dois anos atrás. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a União Federal e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) participam do processo como parte interessada.

Inflação
A alta do combustível atinge todo o país e ajuda a elevar a inflação. A Petrobras e o governo federal estudam a redução do percentual de 25% do álcool anidro na gasolina, como tentativa de baratear o combustível, mas até agora nada foi decidido. Na última semana, o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, sinalizou que a escassez do etanol poderia provocar falta de gasolina. A empresa divulgou nota negando essa possibilidade.

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