O primeiro trimestre de 2011 foi de vendas nas alturas para os comerciantes do Distrito Federal, na comparação com igual período do ano passado. Enquanto nos três primeiros meses de 2010 o varejo local registrou alta média de 4% no volume comercializado frente a igual período de 2009, este ano a variação anual foi 16,6%. Somente em março último, o incremento anual registrado foi de 12,83%, considerado excelente, já que o mês foi cortado pelo feriado de carnaval. No ano passado, quando os lojistas puderam contar com o período cheio para impulsionar o desempenho, houve crescimento de apenas 8,81% frente a 2009.
As informações fazem parte do cruzamento de dados da última Pesquisa Conjuntural Fecomércio, divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do DF (Fecomércio-DF), com levantamentos anteriores da instituição. A Pesquisa Conjuntural de março mostrou que, além do bom desempenho anual, o último mês teve vendas 0,49% superiores às de fevereiro deste ano.
O presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana, atribui os bons resultados dos três primeiros meses de 2011 a uma plena recuperação da crise econômica internacional, e ao aquecimento prolongado da atividade comercial no país. ;Apesar de a indústria estar com dificuldades pela questão cambial, o comércio vende independente de onde foi produzido;, afirma Santana.
O presidente da Fecomércio-DF atribui a alta modesta nas vendas em março frente a fevereiro às dívidas de início de ano dos consumidores, e ao fato de o terceiro mês do ano ter abrigado o carnaval em 2011. ;O crescimento mensal foi pequeno porque os consumidores ainda não haviam quitado todas as despesas com férias e material escolar;, destaca.
Emprego
Adelmir Santana chama a atenção para o crescimento da oferta de emprego no comércio no último mês ; elevação de 1,01% frente a fevereiro e de 12,44% frente a igual período de 2010 ; e encara isso como uma aposta dos comerciantes varejistas em um ano com boas cifras. ;É um sinal positivo. Significa que o lojista está confiando nos próximos meses;, diz.
Segundo ele, os estabelecimentos que trabalham com algum tipo de produto importado estão tendo facilidade de estabelecer preços e condições de compra vantajosos, devido à queda do dólar ; atualmente, a moeda americana está em um patamar de R$ 1,60. ;Bebidas, comidas, eletrônicos, vestuário, brinquedos produzidos no exterior, estão tendo boa saída;, afirma.
A loja de Jansen Guimarães Oliveira, no Sudoeste, é um exemplo. O empresário, que morou 20 anos nos Estados Unidos, decidiu vender marcas famosas de roupas no Brasil. ;Eu conheço os principais atacados e pontas de estoque de lá, o que facilitou;, conta Jansen, que viaja duas vezes por ano para garimpar novidades. Ele conta que a depreciação da moeda americana foi boa para os negócios. ;Temos algumas peças nacionais no nosso estoque. Com a queda do dólar, as importadas chegaram a preços iguais ou menores do que os delas;, garante.
A Pesquisa Conjuntural Fecomércio-DF de março mostrou que, entre as formas de pagamento escolhidas pelo consumidor, a quitação à vista, com dinheiro ou cheque, correspondeu a 60,98% do total de operações financeiras. A modalidade cartões de crédito contribuiu com 12,05% das vendas e cartão de débito com 7,45%. Operações a prazo ; cheque pré-datado/carnês e boletos ; responderam por 18,62%.
O levantamento é realizado mensalmente pela Fecomércio-DF. Para a última edição, foram ouvidos 403 empresários. Os métodos de captação e consolidação dos dados estão alinhados com a metodologia empregada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
ENDIVIDAMENTO RECUA EM ABRIL
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou no início da semana os resultados das pesquisas de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) e Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Peic e ICF revelam desaceleração no consumo e recuo no endividamento em abril. O ICF registrou uma queda de 1,4% em relação a março e uma alta de 1,7% na comparação com março de 2010. Já o percentual de Endividamento e Inadimplência do Consumidor caiu para 62,6%, ante 64,8% em março e 58% em abril de 2010. Houve recuo também no percentual de famílias sem condições de quitar suas dívidas: 7,8% em abril, ante 8,4% em março.