Jornal Correio Braziliense

Cidades

Melhorias no transporte previstas no PDTU custarão R$ 7,8 bilhões

O Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU), aprovado pela Câmara Legislativa, prevê obras que vão facilitar a circulação no DF


Um dos grandes desafios do governo é oferecer aos cidadãos brasilienses um transporte público de qualidade. Mas isso não basta. É preciso criar condições apropriadas para a circulação de pedestres, de motoristas e de ciclistas nas ruas do Distrito Federal e do Entorno. O Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU), aprovado na última terça-feira na Câmara Legislativa, planeja intervenções viárias para os próximos 10 anos, numa tentativa de reduzir o caos no trânsito ; refletido no aumento do número de engarrafamentos, na falta de vagas e nos acidentes ; e de melhorar a vida da população.

Para saírem do papel, as obras, orçadas em R$ 7,8 bilhões, podem contar com ajuda do governo federal. Com a aprovação do PDTU, o GDF poderá ter acesso aos R$ 2,4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, do Ministério das Cidades. O projeto vai custear investimentos no setor de transporte de cidades com mais de 500 mil habitantes. A seleção das propostas será feita em maio e a divulgação, em junho. Se o GDF for contemplado, terá 30 meses para executar pelo menos um terço do plano, que define diretrizes e políticas estratégicas para a gestão dos transportes urbanos. ;São medidas importantes, não só para este governo como para as próximas gestões. Se nada for feito até 2020, Brasília vai parar;, destacou, em entrevista ao Correio, o secretário de Transportes, José Valter Vasquez. A contrapartida do governo local é de R$ 425 milhões.

Integração
Um estudo consolidado em três mil páginas mapeou a situação do setor e sugeriu mudanças. As ideias foram adaptadas ao projeto do PDTU, de autoria do Executivo local, cujo texto recebeu 54 emendas de deputados. Dessas, 40 foram acatadas. O plano fundamenta-se na articulação dos vários tipos de meios de transporte, como os ônibus de menor e de maior capacidade, o metrô e o veículo leve sobre trilhos. O projeto elaborado mostra as obras necessárias nos quatro principais eixos de circulação do DF. O da região sul abrange o Gama, Santa Maria e o Plano Piloto. Já o eixo sudoeste inclui o Recanto das Emas e o Núcleo Bandeirantes. Na zona oeste, as intervenções serão feitas em Ceilândia, em Samambaia e em Águas Lindas de Goiás. Já o eixo norte abrange cidades como Sobradinho e Planaltina de Goiás.

Todos os eixos receberão corredores exclusivos para ônibus. Com isso, a meta é reduzir à metade o tempo das viagens. Ao lado do corredor, haverá vias para os carros e passarelas subterrâneas, além de áreas para facilitar a movimentação dos pedestres. A largura das vias não será alterada mas, em alguns trechos de alta velocidade, marginais serão construídas.

A Estrada Parque Taguatinga (EPTG), ainda em construção, terá corredores exclusivos para ônibus. O secretário José Valter Vasquez adiantou que as obras previstas no PDTU devem começar pela Linha Amarela, que é o eixo sul. Um grupo de linhas atenderá o deslocamento expresso, sem passar por dentro do Plano Piloto. Sairá de cidades como Gama, Santa Maria, Park Way e passará pela Estrada Parque Industria e Abastecimento (Epia), até o terminal da Asa Norte, que ainda não existe. A licitação deve ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano e o prazo estimado da obra é de 18 meses. O custo será de R$ 761 milhões.

O sistema de transporte do DF ganhará 34 terminais de ônibus, que servirão para a integração e para a distribuição dos passageiros. Ao todo, 41 pontos de controle terão a mesma função, só que a estrutura será mais simples. Os ônibus que vierem das regiões administrativas e do Entorno não circularão no Plano Piloto, porque haverá linhas exclusivas.

Ônibus
O governo pretende licitar a compra de 1,9 mil novos ônibus para o sistema de transporte. O processo foi iniciado na gestão passada e está sob análise na Procuradoria-Geral do DF. Os veículos serão adaptados para os portadores de necessidades especiais e haverá uma pequena redução na atual frota, que tem 2,7 mil veículos. Será desenvolvida também uma política tarifária específica para os ônibus do DF e do Entorno. A bilhetagem eletrônica garantirá que o passageiro pague por apenas uma passagem.

O PDTU atenderá oito municípios de Goiás: Luziânia, Planaltina, Águas Lindas, Novo Gama, Cidade Ocidental, Valparaiso, Santo Antônio do Descoberto e Formosa. A expansão do metrô é outro ponto previsto no PDTU. A primeira etapa leva o metrô até o Hospital Regional da Asa Norte. A segunda etapa expande o transporte até o fim da linha de Ceilândia e de Samambaia. Na terceira e última etapa, o metrô deve chegar até o fim da Asa Norte. A construção da linha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também é citada no plano. O projeto é esperado para a Copa do Mundo de 2014.

Problema crônico
O deficit de vagas de estacionamento atinge todas as cidades do Distrito Federal, mas o problema é ainda mais grave na região central. Hoje, existem cerca de 15 mil vagas na área central de Brasília, mas a demanda é de 80 mil espaços de estacionamento. No ano passado, o GDF finalizou um projeto para a construção das vagas de subsolo. Mas a nova gestão suspendeu o processo por suspeita de irregularidade. Agora, a Administração de Brasília vai elaborar novas análises para preparar o edital de licitação. O projeto prevê a participação da iniciativa privada.

Principais medidas do PDTU

; Reorganização da rede de linhas

; Implantação de eixos de transportes

; Integração operacional e tarifária

; Tratamento prioritário para o transporte coletivo

; Renovação e adequação da frota

; Construção e reforma de terminais, estações e pontos de parada

; Abertura de quatro estações de metrô

; Construção da linha do VLT na W3 Norte

; Integração do transporte do GDF com o do Entorno

; Aumento da capacidade viária nos eixos de transporte

; Criação de rotas alternativas