Helena Mader
postado em 30/04/2011 08:46
Para evitar acidentes graves no Eixão, como o que deixou uma pessoa morta e duas feridas na última quinta-feira, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) estuda medidas que garantam a segurança do trânsito na via. A primeira ação será o aumento da rigidez da fiscalização eletrônica na pista. Nos próximos 90 dias, serão instalados mais oito pardais ao longo do Eixão ; quatro em cada sentido de circulação. O DER também analisa a possibilidade da colocação de uma mureta de segurança dividindo os dois lados da via, medida que suscita polêmica. Outra saída seria a redução da velocidade máxima da rodovia de 80km/h para 60km/h, o que também enfrenta resistência entre motoristas e especialistas.Desde janeiro de 2009, 16 pessoas morreram no Eixão. A última colisão fatal vitimou o auxiliar de educação Armando Ferreira da Silva, 44 anos. O acidente envolveu seis carros e uma van e, assim como a maioria das tragédias registradas no local, ocorreu depois que um dos carros perdeu o controle e foi parar no sentido contrário da pista. Para o diretor-geral do DER, Fauzi Nacfur Júnior, a rodovia é segura. ;O Eixão é uma rodovia relativamente plana, com raios de curvatura muito longos, com ampla visibilidade e sem cruzamentos no mesmo nível. Ela é bem sinalizada e com dispositivos controladores de velocidade. Portanto, do ponto de vista viário, o Eixão é seguro;, garante Fauzi. Ele acredita que os acidentes ocorrem por imprudência e irresponsabilidade de motoristas e pedestres.
O Departamento de Estradas de Rodagem estudou várias possibilidades para separar os dois sentidos da rodovia e, dessa forma, evitar os choques frontais entre veículos. O assunto será debatido com representantes do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que o Eixão está dentro da área tombada da capital federal. Além disso, os técnicos analisam formas de garantir a revitalização das passagens subterrâneas para pedestres, assim como a implantação de novas travessias ao longo do Eixão norte.
Enquanto as medidas mais trabalhosas não são adotadas, o governo vai aumentar em 40% o número de pardais ao longo da rodovia DF-002. Hoje, existem nove pontos com velocidade controlada eletronicamente nos dois sentidos, além de dois pardais instalados na entrada do buraco do tatu. Nos próximos 90 dias, serão instalados mais quatro pontos, em locais onde há mais riscos de acidente.
;Rodovia da morte;
Para o especialista em segurança de trânsito e professor da Universidade de Brasília David Duarte, é preciso tomar outras medidas além de intensificar a fiscalização. Ele defende a redução da velocidade da via de 80km/h para 60km/h. ;Há mais de 20 anos, essa rodovia é conhecida como ;rodovia da morte;. Ela é uma permanente ameaça para os pedestres, que não conseguem atravessá-la, já que as passagens estão abandonadas. É preciso urbanizar e humanizar o Eixão;, defende David Duarte.
Segundo o especialista, o ideal seria a plantação de árvores dividindo os dois sentidos da via e a colocação de semáforos. ;Isso não representa uma ameaça ao tombamento. Além disso, a redução da velocidade máxima permitida terá um impacto muito pequeno no tempo que os motoristas gastam para cruzar a via, mas vai representar um ganho enorme de segurança;, finaliza o especialista.
O assunto é controverso. Para José Leles de Souza, doutor em engenharia de transportes, a redução da velocidade da via não é o único caminho possível para garantir a segurança. ;Essa não é necessariamente a melhor solução para o problema. A redução da velocidade acabaria com o projeto elaborado para essa rodovia;, afirma. Segundo ele, o ideal seria intensificar a fiscalização e a educação de trânsito. ;É preciso investir muito em educação e em campanhas. Não adianta colocar uma ou duas publicidades por ano para resolver o problema;, acrescenta José Leles. Para ele, a intensificação do controle da velocidade, com instalação de pardais e rondas frequentes de agentes, teria um impacto muito maior.
Para o diretor-geral do DER, Fauzi Nacfur Júnior, a mudança da velocidade máxima permitida no Eixão traria transtornos. ;A redução da velocidade de segurança ocasionaria congestionamentos enormes na via, com impactos na fluidez do trânsito;, justifica. ;O DER sempre estuda as velocidades a serem desenvolvidas em suas vias. A velocidade de segurança fixada no Eixão é apropriada. O que tem que ser combatido é o excesso de velocidade praticado por alguns infratores;, finaliza Fauzi.
Entre os motoristas brasilienses, o assunto também divide opiniões. A psicanalista Margareth Fernandes, 45 anos, acha que o Eixão é muito perigoso atualmente. ;Quando você está a 80km/h, fica muito difícil controlar o carro. Toda hora, a gente vê casos de pessoas que morrem ali, então acho que seria prudente discutir a redução da velocidade máxima permitida;, afirma.
Já a estudante Arteni Lins, 22 anos, considera que a mudança seria negativa para os motoristas que precisam usar a rodovia diariamente. ;O trânsito ali já está muito complicado e, se diminuirem a velocidade, os engarrafamentos vão ficar enormes e cada vez mais constantes;, explica Arteni. O atendente Felipe Duarte Abreu, 20 anos, também é contra essa discussão. ;O problema não á a velocidade permitida, os acidentes são causados pela imprudência dos motoristas;, acredita.
Ponte JK interditada
O Departamento de Trânsito vai fechar os acessos à Ponte JK amanhã, das 5h às 21h. A mudança será feita a partir da Estrada Parque Dom Bosco (EPDB), no sentido sul, e desde o viaduto de acesso ao Setor de Clubes, no sentido norte. As vias alternativas são a Ponte Costa e Silva e a Ponte das Garças. A medida foi tomada porque a Novacap vai retomar o trabalho de lavagem dos arcos da ponte. Outra mudança no trânsito vai acontecer hoje, por conta de uma corrida noturna. O percurso exige o fechamento das vias S1 e N1, na altura da Catedral até a L4, das 16h às 23h. As rotas alternativas são as Vias S2 e N2.