Cidades

Hospital Universitário de Brasília volta a realizar cirurgias nesta quarta

postado em 04/05/2011 06:10

Em meio à insegurança e à pressão por melhorias, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) volta hoje a realizar de cirurgias, suspensas desde a semana passada por falta de materiais básicos como fios para suturas necessários durante as intervenções. Os médicos retomam o serviço com o centro clínico sob nova direção. O vice-reitor da Universidade de Brasília (UnB), João Batista de Sousa, assumiu interinamente ontem a direção-geral da unidade, depois do anúncio de demissão coletiva do antigo chefe, Gustavo Adolfo Romero, e de outras três gestoras do HUB. Nos próximos 10 dias, outros diretores deverão ser nomeados.

O pronto-socorro da instituição, no entanto, continua fechado por pelo menos mais um ano. A interrupção nos atendimentos se arrasta há três anos e levou 450 estudantes da Faculdade de Saúde a fazer um protesto ontem pela manhã ao redor do câmpus. Os integrantes do movimento SOS HUB, formado por alunos de medicina, enfermagem e outros cursos, cobraram alternativas emergenciais para normalizar a situação no hospital. O grupo reivindicou melhorias nas condições de ensino, que precisam do HUB para a realização de atividades práticas das disciplinas.

Protesto: 450 estudantes de medicina e de outros cursos da saúde cobram melhorias no ensino e no HUBA reabertura depende de reformas estruturais no prédio em que funciona a emergência. O atual diretor-geral, João Batista de Sousa, afirmou que o projeto de reforma passa por análise. A licitação deve começar nas próximas semanas e pode demorar até quatro meses. Depois disso, a obra deve durar mais oito meses. ;A questão é crucial e o fechamento do pronto-socorro é a principal crise do hospital;, admitiu João Batista. A dívida do HUB com os fornecedores está em torno de R$ 7,6 milhões. O débito acarretou a falta de materiais e culminou nos cancelamentos de cirurgias da semana passada (veja Memória).

Pressão
O real motivo do pedido de demissão coletiva causa dúvidas. Em carta à reitoria da UnB, os quatro gestores que deixaram a função alegaram divergências de ;postura ideológica e prática entre a administração superior; da instituição em relação à Medida Provisória n; 520, documento que autoriza o governo federal a criar uma empresa pública de prestação de serviços de apoio ao ensino e à pesquisa em hospitais universitários.

Para João Batista, porém, o grupo não suportou os problemas que encararam nos últimos meses. ;Acredito que houve uma pressão muito grande. A direção perdeu a credibilidade;, resumiu o atual diretor-geral. O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, acrescentou que a universidade ainda não tem uma posição formal definida acerca da MP n; 520. ;Estamos tentando formar um melhor entendimento sobre a proposta;, afirmou ao Correio. Com a implantação da empresa pública proposta pela medida, os dirigentes das instituições federais de ensino temem perder o controle dos hospitais universitários e da qualidade de pesquisa.

Dificuldade desde 2007

Na quarta-feira da semana passada, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) suspendeu as cirurgias agendadas sob a alegação de falta de materiais. Pelo menos 22 pacientes foram prejudicados pelos cancelamentos. Com o objetivo de amenizar a situação, a UnB liberou R$ 1,5 milhão para o pagamento de dívidas.

A estimativa de deficit hoje é de cerca de 600 servidores, entre eles 81 médicos. Mas o caos no HUB ocorre há mais tempo. Em 2009, as gestantes deixaram de receber atendimentos na maternidade. Os oito leitos da unidade de terapia intensiva neonatal foram interditados por falta de pediatras. Em 2010, a especialidade chegou a ser suspensa também por falta de profissionais. No mesmo ano, duas placas do teto da emergência caíram.

Os problemas operacionais levaram a demissões anteriormente. Em 18 de abril de 2007, a então diretora-geral Tânia Torres Rosa e outros três gestores entregaram o cargo. Eles se queixaram de falta de apoio da UnB para continuarem na função. Os atendimentos na área de internação estavam suspensos. Dos seis elevadores, apenas um funcionava. Impossibilitados de transportar os pacientes, o atendimento na emergência foi interrompido. (LT)

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