Cidades

Provinha Brasil desafia alunos do ensino fundamental da rede pública

postado em 05/05/2011 07:45

Sarah Oliveira, que estuda na Escola Classe 114 Sul, terminou o teste orgulhosa: Lápis na mão e concentração total para confirma o aprendizado do bê-á-bá. Mais de 35 mil estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal, alunos do segundo ano do ensino fundamental, com idades entre 6 e 8 anos, testaram ontem suas habilidades de leitura e interpretação ao participarem da Provinha Brasil Ciclo 2011. A avaliação é uma ferramenta de diagnóstico recomendada pelo Ministério da Educação (MEC) para auxiliar professores e diretores das escolas a identificar problemas relacionados ao processo de alfabetização dessas crianças e, a partir disso, elaborar novas metas de ensino. Outro teste deve ser aplicado antes do fim do ano para checar a evolução dos estudantes. O objetivo é tentar atingir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020) que pretende alfabetizar todas as crianças de até 8 anos.

A depender dos resultados passados, o DF está no caminho certo. Quase 95% dos estudantes que realizaram o teste em 2010 foram capazes de ler e escrever de forma adequada à idade e série. Os dados são resultantes do exame final, realizado em novembro do ano passado: um avanço de dois pontos percentuais se comparado ao diagnóstico de 2009. Do total, 85,2% dos alunos foram classificados nos níveis 4 e 5, aptos a ler textos, superando expectativas. Outros 10,6% atingiram o nível 3, que demonstra capacidade de ler palavras e frases. O restante se encaixa no nível 2, mostrando que tem domínio para identificar e escrever períodos simples, porém com dificuldades em palavras com ortografia mais complexa. Apenas 0,8% foram enquadrados no nível 1, ou seja, não possuem habilidade para ler e redigir.

Apesar de a Provinha Brasil ser oferecida pelo MEC a todas as unidades da federação, sua realização não é obrigatória. No entanto, a Secretaria de Educação considera o teste essencial e aplica o teste desde 2008, quando foi criado o sistema. Luciana da Silva Oliveira, chefe do Núcleo de Desenvolvimento Curricular e Políticas Públicas do Ensino Fundamental Anos Iniciais da SEDF, explica que os resultados serão avaliados pelos professores para que, ainda na escola, sejam pensadas as ações para aplicar na sala de aula. ;Durante a realização dos fóruns para a educação básica do DF, essas análises voltam a ser discutidas entre diretores, coordenadores, professores e gestores, visando estabelecer as necessidades e ações para impulsionar a alfabetização no DF;, afirma.

Avaliação do ensino
No Distrito Federal, a avaliação não é feita de forma individual e não cria índices para a educação, como as demais avaliações coordenadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). ;O aluno não ganha nota e não há prejuízo para as instituições que tiverem diagnósticos abaixo do esperado;, explica Antônia de Maria Soares, diretora da Escola Classe 114 Sul. Para ela, a importância da ação é o incentivo à participação dos professores no crescimento dos alunos. ;A escola é levada a repensar todo o ano letivo e a se dedicar às dificuldades de cada um. O professor, por outro lado, se aproxima mais dos alunos, entendendo o que deve explorar em sala de aula;, afirma Ivianie Porto, professora do ensino fundamental.

Na Escola Classe 114 Sul, a criançada se preparou para o exame com expectativa digna de véspera de vestibular. Afinal, eles não poderiam fazer feio na hora de ler e interpretar as 20 questões do caderno de exercícios. Sarah Oliveira, 7 anos, terminou o desafio orgulhosa, com a certeza de que se saiu muito bem no provão para pequenos leitores. ;Eu gosto de ler, tiro de letra;, disse. Para Luciana Oliveira, a participação de Sarah e de seus colegas possibilitará mudanças importantes no currículo das escolas e nas habilidades exercitadas pelos alunos. ;Pudemos visualizar, por exemplo, a necessidade de expandir o ensino da leitura para a interpretação: não só deixar que o aluno compreenda as palavras, mas que também compreenda como aplicá-las, seu significado no dia a dia. É a educação com aplicação reflexiva, social;, afirma.

;Mesmo com todo o avanço que a provinha possa significar para alguns estados, ela é uma ferramenta que poderia ser melhor utilizada pelo MEC;, acredita Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação. Segundo ela, como o teste não é aplicado pelo ministério e não exige nenhuma forma de controle, ele acaba usado de forma ;dispersa e isolada;. ;O MEC não consegue, hoje, saber quais estados aplicam a Provinha Brasil ou que resultados, graves ou não, ela diagnostica. Temo pelo desperdício de uma boa arma para investir nesses projetos;, explica.

Kits
Dados do Censo Escolar de 2010 apontam que 3,3 milhões de crianças estão matriculadas no segundo ano do ensino fundamental, distribuídas em 166 mil turmas em todo Brasil. Todas as escolas recebem o kit do ministério para a aplicação das provinhas. No DF, são mais de 35 mil alunos.


A VEZ DA MATEMÁTICA

A partir do mês de agosto, além da avaliação de leitura, todas as escolas públicas poderão aplicar também a provinha para medir os conhecimentos de matemática dos brasileirinhos. O Ministério da Educação anunciou em janeiro que os kits para aplicação do exame devem chegar nas escolas no início do segundo semestre. Em 2011, será realizada apenas uma edição do exame na área de matemática. Já em 2012, a sistemática de aplicações será exatamente igual à da Provinha Brasil de leitura: duas aplicações por ano.

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