postado em 10/05/2011 06:59
Sempre que precisa de medicamento para tratar da hemofilia, Geremias da Silva Cavalcante, 29 anos, faz uma viagem. Por depender do transporte público coletivo, ele calcula gastar cerca de 3h30 para ir do Gama Leste ; onde mora ; à Asa Norte e voltar. A primeira parada é a Rodoviária do Plano Piloto, onde desembarca após uma hora de percurso. De lá, ele pega nova condução que leva em torno de 20 minutos para chegar ao Hospital de Apoio de Brasília, onde retira os hemoderivados. Além da demora, o caminho de volta se torna complicado, pois nem sempre é fácil transportar dentro do ônibus a caixa térmica que armazena os remédios.Histórias como a de Geremias podem mudar daqui para a frente. Desde ontem, a Fundação Hemocentro de Brasília realiza entrega em domicílio de medicamentos aos pacientes enquadrados em estado grave. Uma vez cadastradas no banco de dados da Secretaria de Saúde do DF, essas pessoas podem fazer a retirada dos produtos gratuitamente. Mas nem todos os listados atualizaram seus dados. ;Desde 21 de fevereiro, estamos fazendo a renovação das informações de pacientes. Na lista original que recebemos da gestão passada, há 457 pessoas e apenas 159 se recadastraram;, informou a presidente da Fundação Hemocentro de Brasília, Beatriz Mac Dowell Soares.
Cadastramento
Do total de pessoas com cadastro em dia, 63 se encontram dentro do grupo de pacientes graves. A meta da Fundação é atingir todo esse montante em uma semana, mas, até o momento, apenas 37 visitas foram agendadas. Geremias é um dos pacientes ainda não contatados. ;Eles estão anunciando isso desde o começo do ano, mas não recebi comunicado ainda. Se isso efetivamente ocorrer, muita coisa vai mudar para mim e para outros hemofílicos;, afirmou.
Segundo representantes da Fundação Hemocentro, foram realizadas três visitas na tarde de ontem. A imprensa, contudo, não pôde acompanhar o trabalho, realizado por um farmacêutico e um assistente social. Além de verificar as condições de armazenamento nos domicílios, esses profissionais têm a missão de orientar os pacientes sobre infusão, descarte e manipulação dos hemoderivados. ;Estando tudo ok na casa da pessoa, já propomos a entrega regular naquele local, marcando a periodicidade. A ideia é que num segundo momento os profissionais não precisem mais ir, com exceção de casos especiais. De toda forma, vai depender do nosso estoque regulador, que sofre contingenciamento;, esclareceu Beatriz.
O técnico em softwares Bruno Gonçalves Araújo, 25 anos, recebeu ontem a ligação da equipe do Hemocentro agendando visita para o dia 18. ;O nosso maior problema é ter a proteína e não especificamente a forma de recebimento. Por causa disso, nunca achamos que as coisas vão realmente funcionar;, pontuou.
Dos 298 hemofílicos listados no cadastro da Secretaria de Saúde que não efetuaram recadastramento, 200 não têm telefone e endereço válidos. Em alguns casos, nem sequer foram localizados os prontuários desses pacientes. Os 98 restantes receberam ligações ou cartas, mas não procuraram a entidade para efetuar a renovação dos dados. ;Provavelmente esse grupo não seja de pacientes graves, porque chamamos e eles não vieram;, avaliou a presidente do Hemocentro.
Até o fim desta semana, a Fundação Hemocentro de Brasília pretende divulgar uma lista com os nomes das pessoas que ainda não efetuaram a atualização das informações. Além dos meios de comunicação, será aberto espaço no site da Secretaria de Saúde para a publicação da lista. Os interessados em regularizar o cadastro podem entrar em contato com o Hemocentro pelos telefones 3327-4413 e 3327-4436.