Cidades

Greve de profissionais de assistência deixa escolas públicas sujas

postado em 12/05/2011 07:23

As escolas públicas do Distrito Federal começaram a tomar medidas emergenciais diante do terceiro dia de greve dos profissionais de assistência à educação. Professores e até diretores, na ausência de auxiliares de limpeza, cozinheiros, vigilantes e agentes de portaria, estão incorporando essas atividades à rotina diária.Enquanto algumas unidades de ensino reduziram o horário das aulas e dispensaram os alunos mais cedo, a fim de amenizar os efeitos da paralisação, outras tiveram que enviar comunicados aos pais dos estudantes informando sobre a interrupção do fornecimento da merenda escolar. Dados da Secretaria de Educação do DF mostram que a região mais afetada foi Taguatinga, com 75% de adesão dos profissionais. Em contrapartida, Guará e Recanto das Emas registraram 13% de participação.

Na Escola Classe 12 de Taguatinga, os 18 funcionários cruzaram os braços, o que prejudicoou a rotina dos 485 alunos da instituição. Por falta de vigilantes, foi preciso acionar o Batalhão Escolar da Polícia Militar. ;Estamos vulneráveis nesse momento. Não sei como serão os próximos dias, pois também temos educação integral;, disse uma funcionária que preferiu não se identificar.

O lixo começa acumular nas salas de aula da maioria das escolasNa Escola Classe 50, apesar das aulas serem mantidas, os alunos ficaram sem merenda e foram liberados mais cedo. ;Nenhum dos cozinheiros está vindo. Dos 11 auxiliares de limpeza, apenas um está trabalhando por estar em fim de carreira. Os três agentes de portaria também estão parados;, relatou a diretora da escola, Silvania Nunes de Oliveira, que ontem foi porteira e vigia.

Na Escola Classe 12, em Ceilândia, o problema de falta de pessoal na área de assistência à educação, sentida desde o início do ano, se agravou. ;O nosso quadro piorou, pois a única funcionária de limpeza entrou em greve. Tivemos problemas com a merenda e foi preciso fazer o paliativo, oferecendo lanches rápidos, como biscoito e suco;, contou a vice-diretora, Míriam Laurentino de Lima.

Movimentação
As manifestações da categoria ocorreram ontem em vários pontos do DF e devem continuar hoje. Para o início da manhã, está marcada assembleia em frente ao Palácio do Buriti para avaliar a continuidade da paralisação. ;Não acredito que o movimento se encerre, mas vamos tentar conversar com os secretários de Governo e de Administração para tentar uma solução;, disse o secretário-geral do Sindicato dos Auxiliares da Administração Escolar (Sae), Denivaldo Alves. Os profissionais reivindicam realização de concurso público, reformulação da carreira, e reajuste salarial de 13,8%.

O secretário adjunto de Educação, Erasto Fortes, avisou que não há como conceder o aumento pedido, mas deseja que os grevistas voltem à mesa de negociações. A intenção de pedir a ilegalidade da greve foi afastada pela Secretaria de Educação. O movimento grevista atingiu menos de 30% dos colégios da rede, segundo as estimativas da Secretaria. O Sindicato calcula que 70% das escolas tenham sido afetadas.

A categoria

; Profissionais de assistência à educação concursados - 13.503

; Profissionais de assistência à educação terceirizados - 5.174

; Postos de serviços desses profissionais (entre escolas, regionais de ensino, entre outros) - 671

Prédios liberados

Representantes do Sindicato dos Auxiliares da Administração Escolar informam que não houve bloqueio a prédios públicos ontem,diferentemente do que ocorreu na última terça-feira no edifício da Secretaria de Educação e no depósito do órgão no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Uma liminar da Justiça, expedida pela 3; Vara de Fazenda Pública, prevê multa de R$ 10 mil caso os manifestantes voltem a repetir o protesto. ;Se chegar a liminar cabe a gente cumprir. Não vamos desobedecer a lei, mas até o momento não fui notificado;, disse o secretário-geral, Denilvado Alves.

O Correio esteve no depósito da Secretaria de Educação no Sia, onde as atividades ainda estão interrompidas. Nenhum veículo carregado de alimentos deixou a área para fazer entrega nos colégios públicos. Segundo Mauro Loureiro, integrante do sindicato e funcionário do complexo, não há profissionais trabalhando no área, pois 100% aderiram à paralisação. ;Não estamos impedindo ninguém de entrar ou sair. O que acontece é que não tem gente para fazer entregas;, esclarece. ;O portão está apenas encostado, pois não há ninguém aqui. Nosso intuito é preservar o patrimônio pois alguém pode entrar e depredrar. De toda forma, o comando de greve está reunido na porta do depósito e só sairemos quando recebermos uma boa proposta do governo;, completou.

Quatro caminhões carregados com alimentos, produtos limpeza e mobília deixavam o depósito diariamente. Mas todo o serviço foi interrompido com a greve. De acordo com o secretário adjunto, Erasto Fortes, a afirmação dos manifestantes é inverídica. ;Um caminhão que vinha de São Paulo foi impedido de entrar. Além disso, eles estão bloqueando a entrada de pessoas nas unidades de medicina ocupacional da 711 Norte e de Taguatinga;, acusou.

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