Cidades

O reino encantado da poesia mostra sua força na Festa Literária

Caracterizada como a poetisa goiana Cora Coralina e acompanhada por uma carroça de leitura, professora goiana protagonizou uma das performances mais curiosas e criativas da Festa Literária de Pirenópolis

Enviado Especial
postado em 14/05/2011 07:57
A contadora de histórias Nilva Belo e sua performance pelas ruas de Pirenópolis: poemas vivos levados à comunidade no melhor estilo
Pirenópolis (GO)
; ;O raio, o sol suspendem a lua. Olha, na rua, a carroça de leitura!” Os gritos são de Nilva Belo, uma contadora de histórias inusitada e bastante conhecida no Centro-Oeste. Nascida em Olhos d;Água, localidade próxima a Alexânia, em Goiás, ela vai de carroça até escolas municipais, levando livros gigantes, aventais artesanais, violão e pandeiro. E leva o sabor da leitura para crianças curiosas, de olhos arregalados com a variedade de cores e texturas que adornam a Leiturégua ; é isso mesmo, resultado da soma aparentemente irracional das palavras ;leitura; e ;égua;.

A égua Baleia, guiada pelo simpático José Lobo da Silva, morador de Pirenópolis, passeou pelas ruas de Pirenópolis acompanhando a professora, caracterizada especialmente para a Festa Literária: peruca de cabelos brancos, um xale sobre os ombros, maquiagem para parecer mais velha e uma bengala numa das mãos. Cora Coralina morreu há mais de duas décadas, mas reencarnou durante algumas horas na pele de Nilva, 34 anos. O calor severo não atrapalhou a procissão multicolorida. Quem olhou Baleia de frente percebeu o anúncio de vigilância escrito na parte da frente da charrete: ;De olho na leitura;.

A caminhada foi recebida com festa pelas crianças. As mais saltitantes arriscaram um ;bênção, vovó;. Outras, cochichando com os colegas, já de imediato reconheceram que a caracterização não podia ser outra a não ser a famosa poetisa goiana. ;A carroça em si já é um atrativo. Quando junto algumas crianças, começo a contar histórias. A minha aparência impressiona, porque estou sempre vestida a caráter;, conta. Numa cidade marcada pelo charmoso ar de antiguidade e pela sensação de um passado intocado, a Cora de mentirinha ficou à vontade. E pareceu aceitar as honras de bom grado. ;Tenho que andar devagarzinho, porque estou com 120 anos;, avisou para alguns passantes.

Contos regionais
Todos os meses, Nilva decora a Leiturégua de maneira diferente. ;Eu confecciono tudo: as histórias, a carroça. É tudo muito lúdico.; Na Flipiri, ela se intrometeu na revoada de pipas durante alguns minutos, com as bochechas tingidas de vermelho e roupa de palhaço. Dava vida a Maria da Catira. Ontem de manhã, no Theatro Pyrenópolis Sebastião Pompeu de Pina, apresentou-se para crianças de escolas locais dentro de uma boneca de dois metros de altura: a Maria Preta dos Olhos d;Água. ;Ela já foi uma árvore e agora é uma boneca;, explicou. ;Maria Preta representa um pouco da história de Olhos d;Água.;

Nilva contou duas histórias. A primeira falava sobre sobre a fada amarela, aprisionada numa garrafa enfeitiçada por uma bruxa repugnante. Na outra, O preguiçoso e o peixinho, a contadora levou aos espectadores a lição de um menino preguiçoso, que só gostava de fazer duas coisas na vida: matar o tempo no conforto de uma rede ou na tranquilidade das águas do rio.

Genivaldo Cunha, aluno da Escola Senhor do Bonfim, em Pirerópolis, aprovou a maneira com que Maria Preta narrou as fábulas. ;Estou achando bastante bacana. Aqui, a atuação dela não ficou presa ao livro ou às histórias;, comentou o estudante de 17 anos, que cursa o 3; ano do ensino médio. Com a namorada, Suzy Morais, que, tímida, preferiu não opinar, assistiu pela primeira vez a um evento da Flipiri. ;A festa está trazendo muita gente diferente, movimentando a cidade. É uma diversidade bacana;, completou.

Acompanhe
Leia mais no caderno Diversão & Arte e confira a programação completa da Festa Literária em www.flipiri.com

*O repórter viajou a convite da produção do evento

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