Cidades

Cursos digitais estão sob risco por atraso nos repasses de verba

postado em 16/05/2011 07:16
O DF Digital está ameaçado em decorrência da falta de verbas. A direção da Fundação Gonçalves Ledo (FGL), atual gestora do programa de inclusão, alega que, mesmo após uma decisão judicial, o Governo do Distrito Federal (GDF) não creditou as parcelas referentes aos quatro primeiros meses do ano. Os chefes da instituição filantrópica afirmam que a ;inconstância nos repasses; acarreta problemas, como atrasos nos salários dos profissionais responsáveis pelas atividades.

A quantia mensal paga pelos cofres públicos à FGL gira em torno de R$ 2,8 milhões. O diretor presidente da entidade, Tasso Ottoni, afirma que a organização social não recebia a verba havia seis meses. Na última quarta-feira, saíram as parcelas referentes a novembro e a dezembro do ano passado. Mas, segundo Ottoni, ainda não foi creditado o acumulado de janeiro a abril. ;Falta continuidade no repasse e isso dificulta os trabalhos;, explica. Ele acrescenta que a inconstância trouxe problemas com a folha de pagamento dos funcionários e as dívidas perante a prestadoras de serviço de internet.

O projeto tem mais de 101 mil pessoas matriculadas. Os atuais gestores temem que as dificuldades no recebimentos resultem no fim do DF Digital. ;O programa tem um papel importante de inclusão e não pode morrer;, afirma o presidente do Conselho Curador da FGL, Jafé Torres. ;No início, o perfil era de um público mais humilde em busca de emprego. Agora, tem também a demanda de universitários e de empresas que procuram meios de profissionalização de seus funcionários;, avalia Ottoni.

Os polos são equipados com computadores nos quais os alunos desenvolvem os cursos, com a supervisão de monitores. As atividades são gratuitas. Na unidade do Touring, ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, a procura é grande. Cerca de 500 pessoas, a maioria funcionários dos órgãos instalados nos arredores, frequentam o local. A coordenadora do espaço, Adriana de Queirós, explica que foi difícil angariar estudantes, há cerca de um ano. ;Tivemos que fazer panfletagem e buscá-los por conta própria;, relembra.

A servidora pública Cleoná Costa, 47 anos, descobriu por meio de um amigo que poderia lidar melhor com o software usado no trabalho a partir de um curso oferecido pelo DF Digital. ;Não sabia que existiam essas aulas gratuitamente. Vou aproveitar que estou de atestado médico para fazer. É um método fácil, dá para acompanhar as instruções pelo fone de ouvido;, aponta. Antes de descobrir o programa, ela matriculou os filhos em uma escola particular de aulas de informática. ;Se soubesse disso, teria economizado.;

Decisão judicial
No mês passado, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios suspendeu a decisão do Tribunal de Contas do DF, que contestava o contrato firmado entre o GDF, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP), e a organização social. Determinou ainda o bloqueio dos repasses para a FGL.

O secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos, afirma que o Executivo local recebeu a intimação judicial só para o pagamento das parcelas de novembro e dezembro de 2010. ;As faturas delas já foram encaminhadas e atestadas pelo governo passado;, justifica. De acordo com Gastão, as mensalidades deste ano ainda passam por auditorias da Secretaria de Transparência. ;O que vai determinar a continuação ou não do contrato é esse relatório, que deve ficar pronto nas próximas semanas;, explica.

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