Cidades

Óxi é motivo de preocupaçãono entre GDF e Ministério Público

postado em 17/05/2011 07:00
PMs realizaram operação em Ceilândia e apreenderam droga parecida com o óxi. A substância será identificada pela Polícia Civil
O combate ao tráfico de drogas no Distrito Federal tem concentrado as atenções do governo. Na capital e nas regiões administrativas, existem pelo menos 64 pontos de venda e de consumo de entorpecentes, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Com a chegada do óxi, substância mais devastadora que o crack, as autoridades de várias áreas do Executivo local começam a se mobilizar para enfrentar o novo mal. Os efeitos no organismo, a penetração nas ruas, o preço e as estratégias de contenção da entrada do entorpecente no DF foram tema de uma reportagem publicada pelo Correio na edição do último domingo.

De acordo com o subsecretário de Operações da Secretaria de Segurança Pública, coronel Jooziel de Melo Freire, o óxi faz parte dos debates das equipes que atuam no combate ao problema. Para ele, os órgãos que trabalham na repressão às drogas não encontrarão grandes dificuldades ao lidar com a nova droga devido ao perfil do usuário, muito semelhante ao do dependente do crack. ;Qualquer tipo de nova substância que esteja sendo consumido causa alerta e preocupação, mas, como temos enfrentado o crack de maneira bastante intensa, isso vai dar respaldo e conhecimento para atacar o óxi;, ressaltou.

O subsecretário lembrou que o planejamento para diminuir a circulação de drogas no DF, incluindo o óxi, é sustentado em três pilares: prender os traficantes, encaminhar o usuário para tratamento e trabalhar os valores da família do usuário. ;Esse ano, já executamos duas operações que envolveram vários órgãos e conseguimos colocar atrás das grades 18 traficantes. Além disso, encaminhamos quatro usuários para tratamento e restituímos às famílias vários menores, inclusive um deles dado como desaparecido;, contou o coronel. Uma das ações ocorreu em Ceilândia na semana passada.

Sem preparo
A chegada do óxi trouxe preocupação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O promotor da 7; Promotoria de Entorpecentes do DF José Theodoro Corrêa acredita que o DF não está preparado para enfrentar uma eventual epidemia de mortes causadas pela composição mortal da pasta base de cocaína com cal virgem, querosene ou gasolina (leia quadro). ;A criação da Subsecretaria de Combate às Drogas foi um avanço significativo. No entanto, falta muita coisa, não só em Brasília, mas em todo o Brasil. Nenhum estado está preparado para lidar com os efeitos de uma droga tão devastadora;, afirmou.

Corrêa lembrou o papel repressor da instituição, mas ressaltou os trabalhos realizados no sentido de evitar que jovens se viciem. ;Temos feitos intervenções nos governos local e federal para melhorar o modelo no DF. Em 1995, em conjunto com o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), sugerimos a criação do Setor de Atendimento Psicossocial, que funciona dentro do próprio órgão. Lá, são feitos atendimentos aos usuários de drogas flagrados pela polícia.;

O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do DF, Alírio Neto, concorda com o promotor quanto à falta de preparo do Brasil para lidar com as drogas, mas avalia que o DF avança no tema. ;O Brasil não está pronto, mas o DF está crescendo. Temos um pré-projeto de enfrentamento às drogas, que vai incluir 15 secretarias de governo. Dentro desse plano, temos projetos futuros e alguns em andamento, como a implantação de novos Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), ampliação da rede de redução de danos, credenciamento das comunidades terapêuticas, além do projeto Viva a vida, droga comigo não rola que deve atingir mais de 100 mil jovens das escolas públicas e privadas;, disse.

Nova droga
Mais letal que o crack

Composição
Pasta base de coca, cal virgem, querosene ou gasolina.

Preço
R$2 em outros estados. No DF, traficantes vendem a pedra ao preço do crack, entre R$ 5 e R$ 10

Efeitos
Aumento da pressão arterial, risco de infarto e derrame. Pode causar perda da memória e alucinações.

Letalidade
Três vezes mais forte que o crack. Pesquisa feita com 100 usuários no Acre constatou que um terço deles morreu antes de completar um ano de uso reiterado.

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