Antonio Temóteo
postado em 17/05/2011 07:00
Na era de smartphones, tablets e celulares sensíveis ao toque, o orelhão ainda tem utilidade quando a bateria do telefone descarrega ou o crédito acaba. Mesmo atualizadas com as novas tecnologias ; no DF existem quase dois aparelhos móveis por habitante ;, as pessoas ainda valorizam as lições aprendidas com os pais e não deixam de guardar um cartão telefônico na carteira para qualquer situação de emergência, como a necessidade de se comunicar com a família.
O garçom Francisco Fernandes, 40 anos, faz parte da parcela de brasilienses que têm celular, mas costuma manter um cartão telefônico no bolso. Morador de São Sebastião, Fernandes sempre ouviu dos pais a recomendação de não esquecer o cartão todas as vezes que fosse sair de casa. ;O orelhão é indispensável. Meu celular está com o visor quebrado, sem crédito e sem bateria. Se o telefone público não existisse, não teria como ligar, por exemplo, para um colega vir me dar uma carona;, explicou.
O garçom Ivanildo da Silva Teodoro, 24 anos, sempre viu os pais usando o orelhão e com isso desenvolveu o hábito de manter um cartão no bolso para qualquer necessidade. Teodoro também tem um celular, mas quando a bateria descarrega ou o aparelho fica sem sinal, corre até o telefone público. ;Se alguém me liga e eu estou sem crédito, corro até o orelhão. Esse hábito é uma coisa que a gente aprende em casa. Também penso que esse serviço ajuda muita gente que não tem condições de comprar um celular e precisa se comunicar com alguém.;
A dona de casa Neucileide Silva Folha, 27 anos, tem preferido comprar cartões telefônicos a recarregar os créditos do celular. Neucileide mantém o aparelho ligado diariamente, mas quando precisa telefonar para alguém, usa o orelhão. ;Minha filha pequena mantém um cartão na mochila porque nós moramos no Paranoá e ela estuda no Plano Piloto. Peço para que ela me ligue se acontecer alguma coisa.;
Tarifa menor
Quem também não pensa duas vezes antes de correr até um telefone público quando está sem crédito para fazer ligações do celular é o músico Leopoldino Alves Ferreira, 46 anos, morador de Santa Maria. Dono de um aparelho com dois chips, Ferreira diz que é mais barato usar o cartão telefônico do que recarregar o dispositivo. ;Sempre tenho mais de um (cartão) guardado e encontro muitos esquecidos nos orelhões. Mesmo com uma unidade, consigo dar um recado ou peço para me retornarem a ligação. Eu uso bastante.;
O analista Jairo Mateus Alves, 24 anos, morador de Planaltina, vê os orelhões ultrapassados, se comparados com os novos serviços telefônicos existentes, mas avalia que ainda são muito úteis para uma parcela considerável da população. ;Eu mesmo mantenho um cartão telefônico na carteira para qualquer emergência, porque meus pais me ensinaram a fazer isso. O telefone público também ajuda quando a bateria do celular acaba ou quando estou sem crédito.;
O pastor Alaildo Aparecido Marques da Silva, 41 anos, usa o orelhão ao fazer chamadas para telefone fixo e em determinados horários porque é mais barato do que utilizar o celular. ;Eu uso orelhão sempre, o cartão telefônico não sai do bolso. Dessa forma eu economizo com celular e continuo falando com as ovelhas e com os parentes;, explicou o morador de Sobradinho.
Atualmente, existem no DF 18.246 telefones públicos ; um orelhão para 141 pessoas ;, enquanto o número de linhas móveis registradas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) chegou a 4.867.654, em março. Só o Plano Piloto possui 4 mil pontos telefônicos e em Taguatinga são mais de dois mil. Apesar do abismo entre os dois tipos de serviço, as empresas concessionárias são obrigadas, por meio do plano de metas de universalização, a instalar novos pontos a cada cinco anos. Atualmente, a Anatel estabelece a cota de seis orelhões para cada mil habitantes.