postado em 17/05/2011 23:44
Brasília - Uma vigília na Esplanada dos Ministérios lembrou hoje (17/5) o Dia Internacional contra a Homofobia. A data é comemorada desde 1990 quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade - até então tratada como transtorno mental - do seu cadastro internacional de doenças. Projeções nas paredes da Biblioteca Nacional lembraram a necessidade de aprovação do projeto de lei (PL) que pretende tornar a homofobia crime, assim como já ocorre com o racismo.O tema da campanha escolhido para este ano é As Curas Que Matam. Segundo a coordenadora do movimento na América Latina, Jandira Queiroz, as terapias que propõem curar homossexuais em geral são sugeridas por grupos religiosos e ainda têm força nos países da região.
"Geralmente essas terapias são feitas em cárcere privado, com tortura física e psicológica, assédio moral, que são violações graves dos direitos humanos e baseadas em argumentos que não são verdadeiros. A nossa intenção é confirmar que todas as organizações científicas ligadas ao campo da psicologia e da psiquiatria não aprovam esse trabalho", disse.
A organização estima que no dia de hoje mais de 70 países promoveram atividades ligadas ao tema e 50 milhões de pessoas foram expostas a mensagens de combate à homofobia. Durante a vigília foram acendidas 260 velas representando os 260 homossexuais assassinados no ano passado no país, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia.
No Brasil, as entidades deram atenção especial ao Projeto de Lei 122/2006, em tramitação na Câmara dos Deputados, que pretende tornar crime a homofobia. Entidades de defesa dos direitos da população gay entregaram hoje à Casa um abaixo-assinado com 100 mil assinaturas de apoio ao projeto. Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), afirmou que a intenção é mostrar que a proposta tem respaldo popular.
"Somos totalmente favoráveis ao direito a expressão, mas somos contra esse direito de agredir ou incentivar a violência. Pode demorar um mês, dois meses, um ano para esse projeto ser aprovado, não temos pressa. Para liberar os escravos demorou mais de 300 anos, para a aprovação do divórcio foram 40 anos de discussão. Nós temos força para lutar até a aprovação do PL e estamos dispostos a negociar com todos os setores da sociedade. Não queremos impor nada a ninguém, não queremos privilégios", afirmou Reis.