Cidades

"Foi a primeira e última vez que entro em um barco", diz sobrevivente

Naira Trindade
postado em 25/05/2011 10:42
Uma das sobreviventes do naufrágio do barco Imagination no Lago Paranoá prestou depoimento na delegacia que conduz as investigações da Polícia Civil, a 10; DP, no Lago Sul. Jaqueline da Silva Moura, 29 anos, reforçou o fato de haver superlotação e denunciou que, no momento em que embarcou, não foram exigidos que ela apresentasse os documentos pessoais. "Nem sabia se meu nome estava na lista, mas entrei", afirmou.

Ela é moradora do Setor O de Ceilândia e contou que chegou ao edifício Ícone, onde o grupo se concentrou, às 18h45 e entrou na embarcação às 19h10, saindo logo em seguida.

"Esta foi a primeira e provavelmente a última vez que entro em um barco", disse Jaqueline ao Correio. Ela chora ao relembrar o acidente e diz que sempre que fecha os olhos para dormir se lembra de uma menina de 10 anos que ajudou a salvar.

A sobrevivente conta que quando caiu na água segurou a mão do marido, Fenelon Antônio Meira de Vasconcelos, 35, que se apoiava em um colete salva-vidas. Ele usava um casaco de lã que, molhado, atrapalhava flutuação. Enquanto tentava retirar a blusa, a mulher começou a se afogar e engolir água, ele, então, deu o colete para que ela segurasse. Ao lado da mulher havia uma criança que se debatia e tentava se salvar segurando em Jaqueline, que teve o braço todo arranhado antes de acalmar a menina e fazer o resgate bem sucedido.

Assim que uma lancha chegou para socorrê-la, ela pediu que levassem primeiro a criança. Quando Jaqueline subiu no barco de resgate constatou-se hipotermia, que foi controlada com uma capa fornecida pelos socorristas. O material ajudou a temperatura do corpo voltar ao normal.

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