Naira Trindade
postado em 27/05/2011 07:37
CONVIDADOS;Na lista, havia 80 pessoas, entre crianças e adultos, mais oito funcionários (dois barmans, três garçons, dois auxiliares de cozinha e uma cozinheira). Entreguei-a para o marinheiro, porque ele era o responsável em controlar o pessoal que entraria na embarcação.;
CONTRATO
;Contratei a embarcação para cinco horas de festa. Paguei R$ 1,1 mil para 50 pessoas. Como não tínhamos muito dinheiro, resolvemos vender convites para arcar com o restante. O ingresso era vendido por R$ 60. Eu paguei R$ 20 por cada um dos outros 30 passageiros que constavam na lista. Ao todo, foram R$ 1,7 mil. Não sei quem estava na lista. Havia pessoas desconhecidas, mas isso era normal, pois alguns funcionários levaram marido, mulher.;
FESTA
;Não fiquei na porta recebendo os passageiros. A lista ficava com o marinheiro (comandante Airton Carvalho da Silva Maciel). Por isso, entrei e fiquei recebendo as pessoas dentro do barco. Lembro-me de orientá-las a respeitar o limite de permanecer somente 30 pessoas no piso superior.;
APAGÕES
;Trabalho nesse barco desde novembro do ano passado. Ele sempre apresentou piques de energia. Era muito comum. Havia a queda de luz, o marinheiro descia, religava a bomba e tudo voltava ao normal. Na quarta-feira passada, servi uma festa da Embaixada da Nigéria. Durante a confraternização, houve um apagão. Na sexta-feira passada, fizemos a festa da Embaixada dos Estados Unidos. Daquela vez, houve dois apagões. Os passageiros demonstraram preocupação, mas o piloto disse que estava tudo sob controle.;
NAUFRÁGIO
;Quando o barco começou a afundar, o comandante pediu para que todos fossem para a direita, para controlar o peso. Foi horrível. Quando tudo começou a afundar, todos gritavam. Todo mundo jogava coletes. Muitos coletes caíram na água. Alguém jogou o colete, e eu o coloquei no meu filho, Fernando, de 8 anos. Ele não sabe nadar. Só pedia para que ele fosse para bem longe para que ninguém tirasse o colete dele. Ele se afastou e gritou que me amava (chora). As pessoas estavam arrancando o colete das crianças. Pensei que fosse morrer.;
CULPA
;Trabalho com bufê há sete anos. Nunca aconteceu nada. Me sinto muito culpada, eram meus amigos, minha irmã, era todo mundo querido (chora).;