postado em 28/05/2011 11:05
Deixar de lado as festas da turma, atrasar o ingresso na faculdade e limitar as horas de convívio com a família para se tornar o melhor do mundo. Esta é a realidade de 28 jovens, campeões nacionais da Olimpíada do Conhecimento e que há cinco meses se preparam, ininterruptamente, para representar o Brasil, em outubro, no torneio mundial, chamado WorldSkills, em Londres, na Inglaterra. Vindos de dez estados brasileiros e com apenas 20 e poucos anos, eles dão exemplo de determinação. Donos de habilidades técnicas refinadas, o grupo faz parte de uma nova leva de profissionais desejados pelo mercado. Eles estiveram em Brasília, durante a semana, para enfrentar a penúltima etapa de testes antes de carimbarem o passaporte rumo à disputa internacional que os colocará frente a frente com representantes de 54 países. O resultado da bateria de provas sai em duas semanas.No total são 25 áreas de conhecimento, como eletrônica industrial, cabeleireiro e tecnologia da informação. Mas apenas três especialidades contam com dois finalistas, por exigirem trabalho de equipe: mecatrônica, enfermagem e robótica. Até ontem, todos os participantes passaram por 22 horas de avaliação. O expert em soldagem e um dos avaliadores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Claiton Cândido Vieira, explica que o desgaste dos competidores equivale à realidade dos profissionais dentro das empresa da área. ;A diferença é que aqui se exige mais. Isso ocorre porque eles também são melhor preparados, não erram. Quando a competição terminar, eles poderão escolher para onde ir. Estão todos praticamente empregados;, acredita.
A prova em Brasília e a próxima em São Paulo medem o quanto foi absorvido, segundo um padrão de exigência mundial. As notas de corte ficam acima de 90 pontos em um total de 100. ;O desafio não é apenas comprovar excelência, mas lidar com uma língua nova ao viajar para fora, a cultura e a comida;, conta o gerente. O conselho para lidar com tantas novidades é um só: ter foco. ;O objetivo é ser o melhor do melhor. Essa é a meta. Todo o resto pode esperar, festas, namoro, viagens. A oportunidade é única, cada um só pode participar uma vez e o limite de idade é de 23 anos;, completa Leitão.
Campeões
A capital federal está representada na competição por dois campeões nacionais, moradores de Taguatinga e Ceilândia. Jecivaldo Oliveira, 21 anos, faz aplicação de revestimento cerâmico, diz que levar o nome da cidade para as competições é motivo de orgulho. ;A gente trabalha bastante e dá destaque para a nossa escola, nossa região e agora também para o Brasil;, afirma. Ele passou por alguns estágios na área e acredita que ter aprofundado o estudo na área de atuação lhe deu mais segurança tanto para competir na prova quanto no mercado de trabalho. ;Nós temos um diferencial, com certeza. Me sinto seguro, recebo apoio da família. Sei que tenho responsabilidade e por isso também aprendi a ter disciplina;.
Outro talento local é William Grassioti, 19 anos. Mecânico de refrigeração, ele lista as áreas que poderão recebê-lo na hora de procurar emprego. ;Posso ficar na conservação de alimentos, na climatização de ambientes, como casas, comércios e indústrias ou ainda na instalação de equipamentos de ar condicionado;, afirma.
A promessa de que não vai faltar oportunidade para quem for dedicado não parece uma miragem para os competidores. Lucas Landriny Costa Filgueira, 21 anos, veio de Mossoró (RN). Ele participa da prova na categoria de soldagem. ;Até agora estou indo bem, acho que não vai faltar trabalho. O que eu quero é me qualificar e virar inspetor de solda, não soldador.;
O treinador dele, Max Wendel Moraes, 23 anos, também de Mossoró, foi competidor e chegou a etapa internacional no Japão em 2007. ;O objetivo dele agora é tornar o aprendiz Lucas em um campeão. ;Eu sonho hoje o sonho do Lucas, de trazer a vitória para o país;, completa.