Cidades

Dois homens são presos acusados de escravidão urbana em Ceilândia

postado em 30/05/2011 16:11

A polícia prendeu dois homens acusados de aliciar e fazer com que cinco pessoas vivessem em condições de escravidão em uma residência no Setor O, em Ceilândia. A prisão ocorreu na manhã desta segunda-feira (30/5). Fabrício Leonardo Moraes Borges, 30 anos, e Joamar Oliveira, 36, responderão por escravidão urbana - Artigo 149 do Código Penal, com pena de dois a oito anos de reclusão.

De acordo com o delegado Haílton Cunha, da 24; Delegacia de Polícia (Ceilândia), o aliciamento das vítimas começou quando Joamar veiculou no rádio, em Bom Jesus da Lapa (BA), a informação de que vendedores seriam contratados para trabalhar em Brasília. As vítimas ; quatro homens e uma mulher, saíram do interior da Bahia e vieram para a capital federal, onde passaram a morar na casa de Fabrício. ;Eles acreditavam que poderiam melhorar a vida;, contou o titular. Os ;vendedores; eram buscados na residência às 7h para vender panelas na rua e retornaram por volta das 20h.

Denúncia
A situação foi denunciada por uma das vítimas durante o último fim de semana. Fabrício foi abordado pelos policiais quando buscava os vendedores em casa para mais um dia de jornada de trabalho. ;Ele alegou que não estaria fazendo nada de errado, mas sim dando trabalho aos desempregados;, afirmou o delegado, que confirmou ainda que a casa era habitável, mas estaria em condições precárias.

Por morarem na casa do patrão, Fabrício descontava do salário das vítimas os valores correspondentes a aluguel, água, luz, alimentação e outros. ;O pessoal percebeu que estava devendo ao patrão, apesar de trabalharem exaustivamente;, disse o delegado. "As vítimas eram impossibilitadas de sair do emprego e da casa, pois não tinham garantias trabalhistas e o patrão utilizava desse artifício para deixá-los sem dinheiro", completou.

Prisão e multa

Integrantes da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) estiveram na delegacia e autuaram os homens, que estão detidos e serão encaminhados à carceragem da Delegacia de Polícia Especializada (DPE). Eles devem pagar uma multa de R$ 6 mil à Justiça do Trabalho até o dia 15 de junho. O delegado afirmou que está tentando conseguir passagens de ônibus com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda para que as vítimas possam retornar à cidade de origem.

;Estamos acostumados com escravidão rural, mas a escravidão urbana também se caracteriza quando o patrão deixa o empregado sem condições de sobrevivência. O artifício utilizado foi deixá-los na residência e cobrar por tudo. No fim das contas os trabalhadores, depois de serem explorados, não tinham dinheiro nem para comer;, completou o delegado Haílton.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação