Naira Trindade
postado em 31/05/2011 07:40
Quem precisa do transporte público no DF convive com as más condições dos veículos, principalmente nas cidades mais pobres. Somente a avaliação da Polícia Civil deve mostrar a situação do ônibus que atropelou e matou duas pessoas no acidente ocorrido na manhã de ontem perto da Ponte do Bragueto. A Viplan, dona do coletivo, porém, é a campeã em número de autuações do DFTrans. Este ano, já recebeu 422 alertas para várias irregularidades (como falta de material de segurança e má condição de pneus, por exemplo). A empresa é a que concentra o maior número de ônibus, 639, e opera em mais linhas, 203.
No caso do ônibus envolvido no acidente de ontem, o motorista do coletivo Neilson de Sousa Silva, 29 anos, atribuiu a causa à falha no sistema de frenagem, embora o veículo tivesse passado por vistoria recente e tenha menos de quatro anos de uso. De acordo com o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), 45% dos mais de 3 mil ônibus em circulação no DF rodam há mais de sete anos, tempo considerado limite para garantir a segurança dos usuários do sistema. Nas ruas, há coletivos com 12 anos e outros com dois, o que influencia no cálculo da idade média da frota ; de seis anos. Os ônibus novos são fiscalizados a cada quatro meses e os mais antigos, a cada 60 dias.
Somente nos primeiros quatro meses do ano, funcionários do serviço 156 ; ramal de atendimento ao cidadão ; receberam 5.075 queixas de usuários. O número de reclamações das más condições do transporte coletivo brasiliense em 2011 supera em 10% o registrado no ano passado. Em média, o DFTrans recebeu 1,2 mil reclamações mensais neste ano, contra 1,1 mil assinaladas por mês em 2010.
Ligações
Houve 42 ligações por dia para o órgão a fim de denunciar alguma irregularidade. No ano passado, foram 38 registros diários. A maior parte das denúncias está relacionada aos atrasos dos ônibus, que quebram com frequência nas vias do DF. Na contramão do sistema oferecido, empresários pedem reajuste das passagens.
O índice de aumento sugerido pelos empresários é de 64,57%. O passageiro que paga R$ 2 hoje passaria a desembolsar R$ 3,30 e a tarifa de R$ 3 subiria para R$ 4,94. A porcentagem do aumento, no entanto, é calculada por uma equipe de técnicos do DFTrans. Esse ano, a Delegacia de Combate ao Crime Contra a Administração Pública indiciou o ex-governador José Roberto Arruda, o ex-secretário de Transportes Alberto Fraga e o ex-diretor do DFTrans Paulo Munhoz pelo crime de dispensa ilegal de licitação no setor de transporte público. Há suspeitas de que pelo menos mil ônibus que deveriam ter sido retirados de circulação há quatro anos ainda transportem moradores do DF.