Cidades

Governador e secretário garantem permanência de chefe da Polícia Civil

Ana Maria Campos
postado em 31/05/2011 07:50

A despeito da pressão de grupos, a diretora-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Mailine Alvarenga, permanece no cargo fortalecida pelo apoio do governador Agnelo Queiroz (PT) para que conduza as mudanças internas. O recado de Agnelo para deputados distritais e delegados que torcem pela queda de Mailine é o de que ele não cederá a uma campanha para desestabilizá-la. Desde sábado, Agnelo tem deixado claro que ela fica com autonomia para tomar decisões. Coube a Mailine pessoalmente escolher a substituta para o Departamento de Polícia Especializada (DPE), com a exoneração da delegada Rosana Gonçalves, titular do posto até a semana passada.

[FOTO2]Mailine e Rosana se desentenderam. O embate acabou por desencadear uma crise na área de Segurança Pública, uma vez que Rosana tem o apoio do deputado distrital Cláudio Abrantes (PPS) e de setores do PT. No lugar de Rosana, assume a delegada Vera Lúcia da Silva, até a semana passada titular da Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações do DPE. O secretário de Segurança, Sandro Avelar, afirma que a situação é de normalidade institucional. Ele também garante que Mailine não vai cair. ;Não existe clima de instabilidade, ao contrário. Vemos um trabalho de forma propositiva e em sintonia com o comando da Polícia Militar do DF;, disse Avelar.

No último sábado, Agnelo reagiu à atuação nos bastidores de deputados distritais que atacaram a conduta de Mailine à frente da direção da Polícia Civil do DF. Ao Correio, ele disse que apenas o governador tem autonomia para nomear e exonerar a cúpula da segurança pública. ;Mailine continua tendo toda a autonomia para montar a sua equipe. Não vou aceitar interferências políticas;, afirmou Agnelo. Na avaliação de integrantes do Executivo, o governador precisou assumir o pulso da crise para evitar que esta se aprofundasse e até mesmo se tornasse irreversível.

Na semana passada, os seis deputados ligados à área de Segurança se reuniram com Sandro Avelar para discutir os rumos do setor e apresentar demandas. O secretário de Segurança, que assumiu o cargo com a demissão do delegado aposentado da Polícia Federal (PF) Daniel Lorenz, ouviu o relato dos distritais e sinalizou pela manutenção de Mailine. ;Existe respeito recíproco. Os parlamentares têm todo o direito de se manifestar. Faz parte da democracia, mas no fim cabe ao Poder Executivo administrar;, avalia Avelar. E acrescentou: ;Esse projeto não é de cunho pessoal. Está alinhado com o governo numa proposta de trabalho técnico e profissional;.

Divisão
A saída de Mailine é um projeto não apenas de alguns deputados distritais. Conta também com o apoio de delegados da velha guarda da Polícia Civil. São grupos ligados ao ex-diretor da insituição Laerte Bessa e também aqueles que gostariam de ver no comando da instituição o delegado Onofre de Moraes, titular da 3; DP, do Cruzeiro, nome preferido pelo chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, um dos fundadores do Sindicato de Policiais Civis (Sinpol-DF).

Monteiro chegou a ser cotado para assumir a Secretaria de Segurança, mas acabou permanecendo na função estratégica no Palácio do Buriti. Ele também é responsável pelo projeto da Copa de 2014. Assuntos de segurança são despachados pelo secretário de Governo, Paulo Tadeu, que também garante a permanência de Mailine. Na semana passada, distritais chegaram a se reunir com alguns delegados para tentar emplacar um substituto para a direção-geral da Polícia Civil.

Desde que foi escolhida, a delegada Mailine ; até então titular da Delegacia de Capturas e Polícia Interestadual ; vem sendo bombardeada por grupos de apoio ao governo. Ela tem vencido esse embate justamente por não ser ligada a nenhum grupo político na Polícia Civil e pela lealdade ao governador Agnelo Queiroz. A avaliação de integrantes do GDF é de que ela faz um bom trabalho e que ceder às pressões abriria um precedente perigoso. No DF, policiais civis têm força como em nenhuma outra unidade da Federação. Entre os 24 deputados, seis representam forças de segurança, sendo dois delegados, Alírio Neto (PPS) e Dr. Michel (PSL), e dois agentes, Cláudio Abrantes (PPS) e Welington Luís (PSC).

A força da Polícia Civil é vista também na formação do governo. Policiais ocupam cargos estratégicos, como os delegados João Monteiro, diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Miguel Lucena, presidente da Codeplan, e o próprio Cláudio Monteiro. Ex-diretor do Departamento de Atividades Especiais (Depate), Geraldo Nugoli é subsecretário de Infraestrutura e Transporte Público, indicado pelo vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação