Naira Trindade
postado em 01/06/2011 07:51
Seis dias, dois acidentes e o Imagination continua no fundo do Lago Paranoá. Militares do Corpo de Bombeiros e da Marinha trabalham desde quinta-feira numa operação voltada para içar a embarcação naufragada em 22 de maio. Pela sétima vez, as atividades recomeçam hoje. As equipes podem tentar colocar o barco na posição de navegação ou optar por rebocá-lo de cabeça para baixo com a ajuda de guinchos em terra. Enquanto isso, investigadores também encontram dificuldades para ouvir o restante das testemunhas. Até ontem, o titular da 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul), Adval Cardoso, responsável pelo caso, ouviu mais de 80 depoimentos. Mas havia pelo menos 110 pessoas a bordo. Nove morreram.Apesar da presença constante de militares no lago, mais um acidente ocorreu no local em que o Imagination se encontra, a 150m da orla do Setor de Clubes do Sul. Um remador bateu ontem por volta das 6h40 no casco, que continuava na superfície. O vigilante Divino da Mota, que trabalha em um clube das redondezas, viu o momento da batida e contou que o caiaque vinha de costas da Ponte JK em direção à Ponte Costa e Silva quando se chocou contra a embarcação. ;Não havia fiscalização na área no momento do acidente;, observou. Até o fechamento desta edição, a Marinha não havia se pronunciado sobre o episódio.
A colisão não causou avarias na estrutura. No entanto, é a segunda vez que frequentadores do lago ultrapassam a área de trabalho dos militares. Na noite da última sexta-feira, o piloto de uma lancha de 26 pés invadiu a área isolada e bateu em duas boias de elevação subaquática presas à embarcação (leia Cronologia).
Operação
Os responsáveis pelo serviço podem mudar de estratégia de içamento. Depois de tentar desvirar o Imagination com a ajuda de duas embarcações ; um rebocador e um catamarã usado como base pelos bombeiros ; as equipes perceberam que ambas as estruturas não têm potência para levá-lo até a margem. ;O rebocador não tem força. Teríamos que usar o apoio de tratores e de guindastes;, explicou o comandante operacional da corporação, coronel Luiz Blumm.
A remoção com ajuda de veículos em terra, no entanto, pode destruir o Imagination e deixar ferragens, madeiras e outras estruturas nas profundezas do Paranoá. A alternativa, porém, vai dar ainda mais trabalho para os bombeiros. ;A retirada do barco da forma como está pode trazer riscos aos banhistas. Para evitar acidentes futuros, será preciso fazer uma varredura no fundo do lago depois da remoção;, afirmou o comandante.
Os especialistas da Marinha do Brasil e da Polícia Civil terminaram ontem de fotografar e de vistoriar os oito tubulões do Imaginaton, um dos possíveis causadores do naufrágio. Agora, os especialistas vão analisar os dados para concluir o laudo. A perícia da Marinha deve ficar pronta em três meses, e a da Polícia Civil, em dois.
Cronologia
Maio
Dia 26 ; Após o término das buscas das nove vítimas do naufrágio do Imagination, a Marinha e o Corpo de Bombeiros iniciam uma operação para içar o Imagination. Boias com capacidade para içar até 20 mil quilos são instaladas embaixo do barco.
Dia 27 ; O piloto de uma lancha de 26 pés desrespeita a sinalização ao redor do Imagination, invade a área isolada e bate em duas boias de elevação presas à embarcação. O acidente atrasa o trabalho de retirada do barco.
Dia 28 ; Bombeiros remendam as boias danificadas no acidente com a lancha e as reinstalam para recomeçar o içamento. Mas a operação falha.
Dia 29 ; Após a instalação de mais de 10 globos de ar, a parte superior da embarcação aponta na superfície do Lago Paranoá.
Dia 30 ; A embarcação naufragada vira de cabeça para baixo enquanto os militares tentam rebocá-la para a orla, na altura do Setor de Clubes Sul. O imprevisto facilita o trabalho dos peritos.
Dia 31 ; Um caiaque atinge o casco do Imagination, mas não provoca danos. Técnicos finalizam a perícia na embarcação, e os bombeiros recomeçam a operação. A retirada é adiada novamente.