Uma alteração nas normas de uma das festas mais antigas e tradicionais de Pirenópolis (GO), as Cavalhadas, tem gerado polêmica entre os moradores da cidade. Os Mascarados, figuras típicas e integrantes dos festejos, que se vestem com máscaras de boi, roupas, luvas e botas coloridas deverão fazer um cadastro prévio junto à Secretaria de Cultura da cidade, descrevendo todo o traje, recebendo uma numeração e desfilando somente nos horários estipulados.
A exigência do cadastramento veio de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público da cidade e acatada pela Justiça. Essa exigência, no entanto, esbarra em uma das características culturais dos Mascarados, que é o anonimato. Por outro lado, a imposição visa adotar medidas a fim de coibir que a máscara seja utilizada para a prática de crimes, o que dificultaria a identificação dos suspeitos.
Segundo o secretário de Cultura do município, Gedson Oliveira, a prefeitura da cidade contestou a medida, argumentando que não fazer esse cadastramento iria contra uma tradição que já dura 193 anos. Um livro de ocorrências durante as festas, com vários delitos cometidos por mascarados, foi utilizado para defender a sentença judicial, o que acabou dando mais sustentação à exigência de cadastramento.
"Existem outros meios, que não este, de garantir a segurança da festa. Deviam aumentar o policiamento. É um evento que divulga a cidade para o mundo e é considerado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Exigir cadastramento e numeração fere essa tradição de tantos anos", lamenta o secretário.
As Cavalhadas estão marcadas para os dias 12, 13 e 14 de junho. Os interessados em se fantasiar com as máscaras de boi devem procurar o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) ou o Batalhão de Polícia Militar da cidade. Cada placa conterá o registro do folião e o selo do município, para evitar falsificações.