postado em 04/06/2011 08:00
A iminência de greve geral dos rodoviários combinada à pressão dos empresários por aumento na tarifa do transporte coletivo fez com que o Governo do Distrito Federal (GDF) apresentasse propostas ao patronato. A ideia do Executivo local é subsidiar os custos de reajustes nos salários e nos benefícios de motoristas e cobradores ; a reivindicação ocorre desde o fim de abril ; e evitar o aumento nas passagens. Isso se daria a partir da ampliação do repasse de recursos para o Passe Livre Estudantil. Os patrões, entretanto, ainda não se posicionaram sobre a o oferta, o que não afasta a possibilidade de os usuários de ônibus do DF ficarem sem transporte na próxima segunda-feira. Ontem pela manhã, houve paralisações relâmpago em pelo menos sete cidades do DF.Atualmente, o governo arca com um terço do benefício aos estudantes, o equivalente a R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões por mês. Com o aumento do subsídio por parte do governo, esse valor aumentaria para até R$ 7 milhões mensais. O secretário de Transportes, José Walter Vazquez Filho, acredita que o montante seja suficiente para atender as reivindicações da categoria e barrar o aumento nas passagens. Os rodoviários pedem 16,69% de aumento nos honorários, além do remanejamento do acordo coletivo vencido em maio (leia quadro). Os empresários, por sua vez, solicitam 72% de aumento na tarifa, fruto do acumulado de cinco anos de defasagem. Segundo eles, só assim daria para atender os pedidos dos trabalhadores.
Vazquez, no entanto, se compromete a não repassar o ônus ao passageiro. ;Não existe a menor condição de aumentar o valor. Temos que considerar que o usuário está sendo mal atendido;, justificou. O governo reclama ainda da falta de informações repassadas pelos empresários em relação à arrecadação. Caso os anseios dos empresários fossem atendidos, o custo nas passagens de ônibus do DF passaria de R$ 3 para R$ 4,90. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros do DF (Setransp), por meio da assessoria de imprensa, informou que analisa a proposta do GDF e deve se posicionar formalmente na próxima segunda-feira.
Assembleia
O presidente do Sindicado dos Rodoviários do DF, João Osório, disse que o GDF não informou aos rodoviários sobre a proposta apresentada aos patronato. ;Estamos cientes da boa vontade do governo em ajudar, mas ainda não recebemos qualquer comunicado dos empresários. A greve é uma realidade colocada e a probabilidade dela acontecer é grande;, adiantou. Osório acredita que os donos de ônibus não estejam dispostos a negociar. ;Na tarde de ontem, representantes do Ministério Público do Trabalho convocaram as partes para uma mesa de negociação. Acontece que eles faltaram. Sequer enviaram representantes;, afirmou.
Desde 27 de maio, os rodoviários realizam paralisações relâmpago no DF. A de ontem foi a quinta desde o começo dos protestos (leia matéria abaixo).
Na última quinta-feira, passageiros inconformados com o atraso do transporte coletivo bloquearam pistas na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, no Eixinho e no Eixão. Além disso, atearam fogo em entulho e em lixo. Os rodoviários farão amanhã assembleia geral no Setor de Diversões Sul (Conic) para decidir sobre o indicativo de greve na segunda-feira.