Roberta Machado
postado em 11/06/2011 08:00
Um grupo de três arquitetos e quatro engenheiros espanhois visitou na tarde de ontem as obras da nova Torre Digital, no Grande Colorado. Os profissionais convidados concluíram em maio a construção da mais nova obra de Niemeyer, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés, na Espanha. Os visitantes assistiram a uma apresentação sobre o processo de construção da torre cujas obras começaram em junho de 2009. O monumento de 180 metros planejado para o cinquentenário de Brasília já custou mais de R$ 68 milhões aos cofres públicos e ainda não tem data de inauguração prevista.Os profissionais estão no Brasil desde o último dia 3, quando foram ao Rio de Janeiro para um encontro com Oscar Niemeyer. Depois, eles iniciaram uma jornada de conhecimento das obras do arquiteto espalhadas pelo país. A viagem encerrou na capital federal, cidade criada pelo mestre desde a inauguração. ;Achamos tudo espetacular. Dá sentido e é muito mais importante ver pessoalmente as obras do que em fotos;, animou-se a arquiteta Maria Lopez.
Durante a apresentação técnica, os profissionais tiveram a oportunidade de fazer perguntas sobre as dificuldades enfrentadas durante a construção da Torre Digital, e trocar experiências com outros arquitetos e engenheiros que também tiveram sobre os ombros a responsabilidade de dar forma a uma ideia de Niemeyer. ;Pudemos ver como engenheiros e arquitetos venceram cada desafio para fazer uma obra muito bem feita. É difícil trabalhar com obras de Niemeyer, mas também dá muita satisfação;, avaliou o engenheiro industrial José Arrufat.
No fim da reunião, o grupo subiu a uma das cúpulas de vidro que adornam os braços da torre, ao mirante e ao topo da construção, onde será instalada a antena. ;O que me causou mais impacto foram as duas cúpulas em dois níveis diferentes, um desenho pouco convencional. E a maior preocupação de quem trabalha com obras de Niemeyer é conseguir ser fiel ao projeto e ter o máximo respeito à obra, mantendo a limpeza da arquitetura;, avaliou o arquiteto Roberto Alonso.
Atraso
Caso o projeto inicial tivesse sido seguido à risca, o grupo poderia visitar a torre completa durante o passeio de ontem, em vez de conhecer as paredes inacabadas de concreto. Mas, a inauguração ; adiada para junho deste ano e depois prorrogada por mais três meses ; depende de uma série de modificações de segurança e estrutura, que não estavam previstas no orçamento. ;Imaginávamos que a eleição seria a varinha mágica para todos os problemas, mas só vimos o aspecto político. Ainda temos de enfrentar aspectos administrativos deixados pela crise política, que deixou muitos contratos vencidos que teremos de licitar novamente;, lamentou o vice-governador, Tadeu Filippelli.
Até que os R$ 6,5 milhões necessários para adequar a construção às exigências de segurança sejam liberados, as obras andam em ritmo lento. Por enquanto, turistas e interessados na obra de Niemeyer não podem subir ao mirante que tem a vista panorâmica privilegiada da capital federal, nem tomar um café na lanchonete prevista para uma das cúpulas da torre em forma de flor.
Obra na Europa
O Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer reúne atrações como dança, música, cinema, teatro, exposições e gastronomia de interesse internacional. Ele é formado de uma cúpula, uma torre, uma grande praça e dois prédios, e levou três anos para ser construído. Primeira obra do arquiteto na Espanha, fica localizado na cidade de Avilés, no principado de Astúrias. Niemeyer doou o projeto à cidade depois de receber o prêmio Príncipe das Astúrias, em 1989.
O monumento
A torre terá 180m de altura (equivalente a um prédio de 62 andares): 120m de concreto e 60m de estrutura metálica da antena. Haverá duas cúpulas de vidro, uma em cada lateral. Na mais alta, a 80m do chão, haverá um restaurante com vista panorâmica. A outra, a 60m, será uma galeria para exposições. A fundação do edifício está a 13,4 metros de profundidade com 240 estacas e 2 mil metros cúbicos de concreto. Três elevadores e uma escada levarão os frequentadores para a superfície.