postado em 15/06/2011 07:39
O custo de vida vem aumentando em muitos aspectos. No Distrito Federal, o valor pago para estacionar o carro entrou na lista dos itens que mais pesam mais no bolso do consumidor. Um levantamento feito pelo Correio Braziliense nos shopping centers e outros estabelecimentos mostrou que nove de 13 deles reajustaram os preços. As elevações ocorreram em 2010 ou no início de 2011. Levando-se em conta o valor que é preciso gastar para permanecer três horas com o veículo nos locais onde houve aumento, a mudança resultou em desembolso até 76% maior do que antes.Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, atribui o movimento de alta à onda de valorização dos serviços em todo o país. ;Eles estão subindo mais do que a inflação. É um custo que se eleva rapidamente se a economia está aquecida, pois a demanda cresce e não existe concorrência externa;, analisa.
Ramos cita o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para ilustrar a pressão inflacionária sobre os serviços. ;Enquanto a inflação acumulada do ano está em 6,5% segundo o índice, a dos serviços isoladamente está em um patamar de mais ou menos 8%;, destaca. ;Trata-se de um dos indicadores que o Banco Central está usando como justificativa para elevação das taxas de juros.;
O professor ressalta que, no caso dos estacionamentos pagos, há uma margem particularmente larga para o reajuste de preços. ;Você tem uma pressão da demanda, pois a população está comprando muito mais carros. E, do outro lado, a oferta é fixa no curto prazo;, analisa.
Reclamação
Por ter direito a vaga preferencial para idosos, o professor aposentado Ubiracy Teixeira Brazão, 72 anos, foge dos estacionamentos pagos sempre que pode. Em algumas ocasiões, entretanto, não há escapatória. ;Quando o tempo está chuvoso, ou as áreas públicas estão muito lotadas, o jeito é pagar;, comenta. Ubiracy acha caros os preços no DF. ;Pelo volume de carros e pelo lucro que eles têm, poderia ser mais barato;, defende. A psicóloga Maria Vilma de Araújo Ramos, 54 anos, também dá preferência aos estacionamentos gratuitos. ;Eu fico procurando vaga, embora seja difícil. Principalmente se eu souber que vou demorar, pois aí fica ainda mais caro;, conta.
Há alguns anos, tentou-se instituir no DF a cobrança proporcional ao tempo de estacionamento ; por fração de hora ; por meio da Lei n; 4.067/2007. A legislação, que devia ter entrado em vigor em 2009, está em suspenso em razão de liminar obtida pela Associação Nacional de Estacionamentos Urbanos (Abrapark).