postado em 15/06/2011 08:13
O drama vivido pelos reféns da 711 Sul confirma o aumento da criminalidade e da insegurança nas quadras 700. Dados do 1; Batalhão da Polícia Militar (BPM), na Asa Sul, apontam que, de janeiro a abril deste ano, 15 ocorrências, entre furtos e roubos, foram registradas apenas no local onde dois bandidos fizeram ontem quatro mulheres reféns. O número de casos encosta no total de 2009, quando houve 17 assaltos só na 711 Sul ; a localidade ocupou o topo das mais perigosas daquele ano, entre as 36 quadras das 700. Em 2009, a 1; Delegacia de Polícia, responsável pela área, investigou 1.153 crimes na Asa Sul, o equivalente a três ataques por dia.O comando do 1; BPM acredita que os atuais 390 policiais militares não são suficientes para a região. ;Precisaríamos de mais uns 200 homens, principalmente nas áreas comerciais;, avaliou o tenente-coronel Luciano Teixeira ; deficit parecido existe na Asa Norte (leia matéria abaixo). Além da 711 Sul, outras quadras da Asa Sul fazem parte dos pontos considerados mais críticos pela Polícia Militar. São elas: 403, 109, 715, além do Setor Comercial Sul.
O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, admitiu que o Plano Piloto é uma região crítica na questão da criminalidade. Para tentar inibir a ação de bandidos nas asas Sul e Norte, ele prometeu intensificar o patrulhamento. ;Estamos avaliando os pontos em que há a necessidade de aumentar o efetivo;, afirmou.
O secretário também admitiu que a PM trabalha hoje com uma defasagem de cerca de 4 mil servidores, o que dificulta o emprego da tropa com mais eficiência. Hoje, a corporação conta com 14 mil policiais. Desses, segundo o secretário, 7 mil estão destacados para o policiamento ostensivo, mas, por causa de algumas escalas de plantão, apenas 2,7 mil diariamente combatem a violência. Avelar disse que 800 recrutas devem começar a trabalhar nos próximos meses.
Piora
Morador da 711 Sul há 25 anos, o empresário Kasser Vilela, 54 anos, teve os quatro pneus do carro furtados no ano passado. Ele revelou estar cansado de ouvir relatos de crimes nas proximidades da casa dele. ;A polícia passa, a viatura faz barulho somente para afastar os criminosos e vai embora rapidamente;, relatou.
Na 302 Sul, o problema da insegurança atinge o comércio. Vendedor há quatro anos em uma drogaria, Diego Rodrigues, 26 anos, conta que o local é bastante visado por assaltantes. ;Quase toda semana tem assalto aqui. Acontecem muito furtos de e em carros. Percebo que a bandidagem tem piorado mesmo;, comparou.
O vice-presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, Arthur Benevides, recebe reclamações diárias de moradores do bairro. Muitos afirmam que a polícia só aparece após o ataque dos bandidos. Levantamentos feitos pela entidade apontam que, a cada dia, uma quadra da Asa Sul é alvo de roubos. ;Não tem jeito, temos que ter mais policiamento nas ruas. Os homens que hoje cuidam da nossa segurança não dão conta. E os postos da PM nunca serviram de nada para a gente;, criticou.
Os postos comunitários de segurança construídos no governo anterior ficam localizados em pontos distantes daqueles apontados como problemáticos pelo comando do 1; BPM. As estruturas foram erguidas nas quadras 416, 704, 709, 713, no Setor Comercial Sul, no Parque da Cidade e na Vila Telebrasília.