Cidades

Polícia continua buscas por suspeito de sequestro e estupro na Asa Sul

postado em 19/06/2011 08:00
O homem acusado de sequestrar uma mulher na 516 Sul e estuprá-la em uma matagal próximo à Granja do Torto, na última sexta-feira, é mais um presidiário beneficiado pela progressão de regime que volta ao crime. A identidade de Antônio Erasmo de Oliveira, 44 anos, conhecido como Nino, foi divulgada oficialmente ontem pela polícia, mas ele permanece foragido. O suposto autor da barbárie cumpria pena no Centro de Progressão Provisório (CPP), localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), por ter violentado sexualmente e roubado duas vítimas, em 1999. Nove anos antes, foi condenado por três roubos. Ele também tem longa ficha criminal na Justiça do Rio de Janeiro. Em 1985, esteve recluso em penitenciárias cariocas sob a acusação de assaltar e manter em cárcere privado uma pessoa.

Antônio Erasmo em foto tirada há um mês, antes de sair da cadeiaAntônio Erasmo faz parte da grande parcela de detentos reincidentes no crime. Do total de 9,7 mil encarcerados, 45% voltam à cadeia. Mesmo com uma ficha longa, Antônio Erasmo foi considerado pela Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal candidato a cumprir o restante de sua pena fora do cárcere. Em 6 de agosto de 2010, o juiz Luiz Martius Holanda Bezerra Júnior autorizou a realização de exame criminológico em Antônio Erasmo. O laudo apontou que ele estava apto a voltar ao convívio social.

Os delegados-chefes da 1;DP (Asa Sul) e da 2; DP (Asa Norte), Watson Warmling e Marcelo de Paula, que investigam o paradeiro de Antônio Erasmo, criticaram a legislação vigente. ;A polícia faz a sua parte, a Justiça e o Ministério Público também. Todas essas instituições trabalham com a dinâmica da legislação. Precisamos de uma mudança séria nas leis;, afirmou Watson.

Antônio Erasmo estava preso no CPP desde 17 de maio. Como não tem emprego fixo, só podia sair para visitar a família nos fins de semana. Os detentos que trabalham têm direito de sair todos os dias pela manhã e voltar à tarde. No entanto, o acusado deixou o centro às 8h do último dia 11 e não regressou. De acordo com as regras do sistema carcerário, ele deveria ter retornado ao cárcere no dia 13. Considerado foragido, já era procurado por agentes do CPP e da Subsecretária do Sistema Penitenciário (Sesipe). Sem ser monitorado de perto pelos agentes carcerários, voltou às ruas.

Uma mulher entrava no seu carro, no estacionamento de um supermercado da 516 Sul, por volta de 9h da última sexta-feira, quando foi abordada por um estranho, que se passava por vigia de carros. Rendida com uma faca, a vítima foi obrigada a dirigir seu veículo até um matagal próximo à Granja do Torto. Após estuprá-la, o bandido retornou com a mulher ainda ao volante até a 204 Norte, onde a abandonou e fugiu a pé.

Perícia
Por meio dos vestígios deixados no carro e no local da violência sexual, peritos do Instituto de Identificação conseguiram levantar a identidade do suspeito. Com a ajuda de fotos armazenadas pela Polícia Civil, a vítima reconheceu seu algoz. Os investigadores pedem a ajuda da população para prendê-lo. Quem tiver alguma informação sobre o paradeiro do acusado, Antônio Erasmo, pode ligar para o Disque Denúncia da Polícia Civil, por meio do telefone 197. Na Polícia Militar, as informações podem ser dirigidas para o telefone 190. O autor da ligação não precisa se identificar. Ontem, o Correio voltou à 516 Sul, onde ocorreu o sequestro. Trabalhadores e moradores dizem que a presença policial tornou-se constante após o episódio com a mulher, mas não acreditam que a situação perdurará. ;Agora, eles intensificam (o policiamento) porque aconteceu esse crime mas, daqui a alguns dias, tudo volta ao normal e nenhum policial será mais visto;, afirmou a técnica administrativa Layse Vieira, 27 anos.

O taxista Ricardo Alves, 45 anos, tem a mesma impressão. Ele lembra que, há 15 dias, presenciou dois homens batendo em um jovem com menos de 18 anos, mas nenhum carro de polícia apareceu para interferir no espancamento. ;Liguei para o 190, expliquei que a situação era grave, mas não me deram ouvidos. Quase matam o rapaz. Hoje, passa policial toda hora por aqui. Quando a poeira abaixar, voltaremos a viver desprotegidos;, disse.


Sequestro
Além de estupros recorrentes, moradores da região central convivem com outros tipos de violência. Na última terça-feira, dois bandidos fizeram reféns quatro mulheres em uma casa na 711 Sul. Adelino de Souza Porto, 55 anos, e Leonardo Vieira da Cruz, 28, só libertaram as vítimas e se renderam após quatro horas de negociação. Um era considerado foragido da Justiça e outro era beneficiado pela liberdade condicional.

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