postado em 20/06/2011 08:00
Mais de 130 motoristas do Distrito Federal e de Goiás passaram o sábado lavando e encerando o carro. No domingo, eles acordaram cedo e se reuniram para passear pela Esplanada dos Ministérios. A carreata teve a participação de homens, mulheres e famílias inteiras de apaixonadas pelo mais famoso modelo da Volkswagen, no Dia Mundial do Fusca. O comboio foi liderado por um Thunderbird 55, um clássico do automobilismo americano, produzido pela Ford e conhecido pelos aficionados por veículos. Entre outros sucessos de antigamente, os Fuscas ganham destaque não apenas pela quantidade ; eram mais de 90 desfilando pela cidade ; mas também pelo zelo dos proprietários.Um dos mais vistosos era o do bancário Edison Luiz Salgueiro, de 39 anos. A lataria foi pintada de vinho brilhante e todos os detalhes, antes gastos pelo tempo e desleixo de outros donos, foram refeitos em um processo de restauração que durou mais de um ano e custou R$ 40 mil. ;A nossa história é antiga. Esse carro foi meu enquanto morei no Sul. Tive de vender, por questões financeiras, fiquei 15 anos sem saber onde ele estava.; Declaradamente arrependido da decisão, ele criou coragem e rastreou o paradeiro do antigo carro. ;Liguei para o dono e, por sorte, ele estava interessado em vender;, conta.
O negócio foi fechado por telefone, em 2007. ;Paguei um transporte para trazê-lo porque não tinha condições, ele estava completamente abandonado, com o motor fundido, faltavam peças e na parte de dentro havia só terra;, lembra. Com apoio da família e do mecânico de confiança, ele hoje se realiza com o carro. ;É o resultado de um grande objetivo que foi alcançado;, sintetiza.
Orgulho
O orgulho de quem estava expondo os carros, no estacionamento do Terraço Shopping, era o mesmo do organizador do evento, presidente e fundador do VWBoxer Clube do DF, Miguel Gustavo Pinheiro, 51, que reúne uma comunidade real dos admiradores do modelo em Brasília, para trocar informações e marcar viagens com os carros. ;Me deu muito trabalho, mas me sinto recompensado por este dia.; Há cinco anos ele e três amigos idealizaram o projeto do Clube, hoje com 30 sócios e mais de 500 amigos e seguidores. ;É como um grupo de motociclistas, os donos todos se conhecem e sabem da história de cada um. Nos encontramos toda semana e vez por outra vamos a Pirenópolis;, diz.
Engenheiro civil, Humberto Navarro, 36, faz parte do Clube. Há seis anos ele comprou um Fusca, que estava no interior de São Paulo, pela internet. ;Antes dos dez anos eu aprendi a dirigir e foi com um desses. Minha relação com o carro é antiga. Logo que comprei, decidi vir com ele para Brasília. Foram mais de mil quilômetros de estrada;, lembra. Hoje em dia, ele usa o carro no dia a dia, mas toma todos os cuidados para não estragar nenhuma peça do carro, ano 1961. ;Estaciono sempre em garagens pagas, porque tenho medo de deixar em qualquer lugar. É algo que me completa, não tem jeito;, brinca.
A servidora pública Virginia Bellanti, 60, considera o Fusca o carro mais charmoso que existe. ;Esse era do meu filho. Eu tinha dois que não estavam muito bons e a gente trocou.; Interessada não só em carros antigos, ela também gosta de motocicletas e de velocidade. Mas com o fusquinha, a aventura se limita às provas de regularidade, onde ganha quem mantiver precisamente o tempo pré-definido para uma volta. ;É uma paixão, igual a nossa cidade. Aqui em Brasília ou se ama ou se odeia;, completa.