Jornal Correio Braziliense

Cidades

Cerca de 2,5 mil morrem no país por ano em decorrência da asma

Na última década, as internações em hospitais públicos do Distrito Federal para tratamento de asma caíram 66%, o equivalente a uma economia anual de R$ 1,5 milhão. Em 1999, 2.285 pessoas deram entrada em unidades de saúde com quadro asmático, ou 2,81% do total de internações ; 128 mil. Em 2010, o número caiu para 1.261, correspondente a 0,94% das 184 mil pessoas que precisaram ficar no hospital para tratamento. De acordo com a Secretaria de Saúde, essa queda ocorreu graças a programas de conscientização, como a Caminhada do Paciente Asmático, realizada no último domingo em celebração ao Dia Nacional de Combate à Asma, comemorado ontem. No DF, existem 30 centros de referência do Programa de Combate à Asma, onde os pacientes são assistidos e orientados. No total, são 70 especialistas em alergia ou pneumologia para cuidar desse público.

De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 111 milhões anualmente com a doença, mesmo que o número de internações, na rede pública, tenha caído 51% nos últimos 10 anos: de 397.333, em 2000, para 192.601, em 2010. No entanto, a patologia ainda mata cerca de 2.500 pessoas por ano. Mas a asma, embora não tenha cura, pode ser tratada com facilidade se diagnosticada corretamente.

Gonçalina Durães, 45 anos, tinha crises desde pequena, mas a vida no interior a impedia de consultar médicos especialistas. Durante anos, ela recebeu diferentes diagnósticos para sua dificuldade na respiração, até mesmo sopro no coração. A asma só foi descoberta no ano passado. ;Eu tive um resfriado e fui parar no hospital com falta de ar, perdi até o equilíbrio físico. Descobriram o que eu tinha e comecei o tratamento. Hoje consigo respirar melhor, faço caminhadas e pilates para manter a saúde;, contou.

Ontem, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) registrou três casos comprovados da doença em hospitais do DF. Durante o mês de maio, foram 187 atendimentos. De acordo com especialistas, é fundamental que a asma seja diagnostica precocemente. Porém, na maior parte dos casos, é descoberta depois dos seis anos de idade, ou mesmo somente na fase adulta. Mas esse cenário tem mudado nos últimos anos, graças à redução do preço de remédios e à disseminação de informação. ;Os asmáticos hoje têm uma qualidade de vida bem melhor. Há 15 anos, não tinham acesso a farmácias populares, nem acompanhamento de especialistas;, explicou a diretora regional da Asbai, Marly da Rocha Otero.

Clima seco
O monitoramento da asma por um médico especialista é ainda mais importante no Distrito Federal, onde o clima seco agrava os sintomas da patologia. Segundo Marly da Rocha, 80% dos asmáticos sofrem também de rinite alérgica, um mal que se complica em tempos de baixa umidade e temperatura. ;Aqui em Brasília, o tempo seco e frio é a pior época para quem sofrem de asma. E ela pode agravar uma possível gripe, então o paciente precisa tomar tanto a medicação de resgate quanto a preventiva;, explicou a alergista. Em um dos hospitais de referência no tratamento de asma no DF, o Hran, o número de atendimentos de emergência sobe 20% durante o inverno.

A coordenadora do Programa de Combate à Asma da Secretaria de Saúde, Marta Guidacci, explica que o diagnóstico e tratamento da doença evitam que alunos faltem às aulas, adultos deixem de ir ao trabalho ou saiam correndo de casa para o hospital no meio da madrugada porque tiveram uma crise. ;Cerca de 3 mil pessoas morreram no ano passado em decorrência da enfermidade. Com as palestras e conscientização, conseguimos mostrar que as pessoas que têm asma também pode ter qualidade de vida;, ressaltou. ;O lugar de tratamento é nos centros de prevenção e não na Unidade de Terapia Intensiva (UTI);, complementou a coordenadora.

A servidora pública Fabíola Godoi, 31 anos, faz parte desse grupo de pacientes que deixou as salas de emergência. Vítima da asma desde pequena, ela dependia da bomba e sofria com crises que a levavam com frequência ao pronto-socorro. No ano passado, Fabíola resolveu saber mais sobre a patologia. Melhor informada, começou a correr e a malhar, e um ano depois já sente a diferença. ;Meu nível de resistência era muito menor. No tempo frio e seco as crises eram mais constantes, mas agora estou conseguindo controlar muito bem a doença. Tudo foi questão de me informar e agir para o meu próprio bem;, afirmou.