Cidades

Há sete meses indústria acumula queda e 600 trabalhadores foram demitidos

postado em 23/06/2011 08:16
As medidas do governo federal para desaquecer o consumo e a demora na retomada das obras públicas frearam a indústria brasiliense no primeiro quadrimestre deste ano. A instabilidade comprovada pelos indicadores divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) preocupa os empresários. Há sete meses, o índice de emprego do setor registra queda. Desde janeiro, pelo menos 600 trabalhadores foram demitidos.

A demanda comedida também afeta o faturamento industrial médio. No acumulado do ano, até abril, houve crescimento de 6%. No entanto, na comparação com o mês anterior, a Fibra registrou retração de 10%. Frente a abril de 2010, o decréscimo foi de 8,76%.

O recuo do emprego industrial alcançou todas as atividades pesquisadas em abril, com destaque para a variação negativa na casa de dois dígitos do segmento de fabricação de produtos de metal (-10,40%).

O indicador, considerado o termômetro da oferta de bens e serviços, teve retração de 0,46% na comparação com os primeiros quatro meses de 2010. Ante abril do ano passado, o emprego variou negativamente 1,57%.

As contratações nas indústrias do DF começaram a arrefecer em outubro de 2010. Desde então, a variável de emprego tem apresentado retração. ;Se ela está caindo há sete meses, o cenário é preocupante;, comenta o economista da Fibra, Diones Cerqueira. A expectativa dos empresários é que o anúncio de um pacote de obras feito na semana passada pelo governo local aqueça o setor no segundo semestre e contribua para um resultado positivo no fim do ano.

Os industriais sustentam que a demanda atual não é suficiente para estimular contratações nem mesmo para aumentar a utilização da capacidade instalada (UCI), que, em abril, atingiu, em média, 67,48%. A taxa foi 3,48 pontos percentuais abaixo do observado em março. Na comparação com igual mês de 2010, a capacidade recuou 2,27 pontos percentuais. ;A queda do nível de emprego mostra que o consumo não está aquecendo a atividade industrial;, reforça Cerqueira.

Arrocho
Para os técnicos da Fibra, o freio no setor está relacionado ao arrocho na política econômica nacional. Entre outras decisões na tentativa de diminuir o consumo e, consequentemente, combater a inflação, o governo aumentou de 10% para 20% o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito. Houve queda na compra por impulso, o que afetou diretamente a indústria brasiliense, concentrada na fabricação de bens de consumo imediato.

O presidente da entidade, Antônio Rocha, defende que é preciso aguardar os próximos meses para avaliar o cenário. ;Os números preocupam, mas, por enquanto, não dá para dizer que seja algo desastroso;, pondera. A promessa de guinada nas obras do governo local ; principal cliente do setor ; anima Rocha. ;Nossa esperança é porque a indústria da construção civil puxa o desempenho de outros segmentos;, justifica.

A situação mais drástica é a da indústria da madeira e do mobiliário, cujo faturamento recuou 40% em 2011. ;Não é normal. Ficou complicado;, diz o presidente do sindicato que representa o segmento, José Maria de Jesus. Em maio, alguns bancos lançaram editais de licitação e voltaram a movimentar a indústria moveleira do DF. ;Mas, de maneira geral, os governos federal e local continuam com os cofres fechados;, preocupa-se José Maria. Na semana que vem, a Fibra divulga o índice de confiança do industrial, que deve indicar otimismo em relação ao segundo semestre.

Obras
Esta semana, o Correio divulgou que o governo está com as contas em dia, R$ 2,230 bilhões em caixa e sinal verde da Secretaria de Fazenda para acelerar os investimentos. Na última segunda-feira, o governador Agnelo Queiroz (PT) anunciou o início de obras públicas em cada uma das 30 regiões administrativas.

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