Cidades

Brasilienses ainda têm tímida participação nas compras pela internet

postado em 24/06/2011 07:30

Os donos das empresas voltadas para o comércio eletrônico não desmancham o sorriso. O crescimento nas vendas ocorre exponencialmente. Este primeiro semestre deve fechar com atendimento de 27 milhões de consumidores que fizeram compras pela web. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 8,8 bilhões, superando o acumulado em 2008, que alcançou R$ 8,2 bilhões. De acordo com uma estimativa da E-Bit, consultoria especializada em comércio on-line, divulgada com exclusividade para o Correio, os moradores do Distrito Federal devem representar 1,5% (405 mil) desse total.


Os consumidores de São Paulo são campeões em compras on-line. Eles representam 42% do mercado nacional. Os brasilienses estão longe dessa marca. Especialistas avaliam que os números locais são tímidos e não refletem todo o potencial da região. Com a maior renda per capita e percentual de internautas do país, os moradores da capital devem ganhar cada vez mais destaque nas análises de mercado. ;O desempenho deverá ser cada vez melhor por aqui. Lentamente, o eixo Rio, São Paulo e Belo Horizonte será desfeito;, aposta o professor de marketing do UniCeub Gabriel Castelo Branco.


O mesmo desenvolvimento tecnológico que permitiu o crescimento vertiginoso do mercado virtual não alcançou a logística. Os lucros são altos, os empresários festejam os resultados, mas a falta de um sistema adequado, com frequência, frustra o consumidor, que não vê o produto ser entregue na data pactuada. Esse descompasso é um desafio para as companhias e um entrave para um crescimento maior desse segmento do varejo.

Reclamações

No Rio de Janeiro, a empresa Americanas.com, do grupo B2W, foi proibida de comercializar novos itens, desde o fim de maio, enquanto não realizasse as entregas pendentes. De acordo com o Ministério Público do Rio, cerca de 24 mil reclamações contra a empresa haviam sido feitas no site ;Reclame Aqui; quando a ação foi proposta, em janeiro. A intervenção feita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acabou virando objeto de interesse do Ministério da Justiça, que também pede esclarecimentos por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC).


Para o professor Gabriel Castelo Branco, problemas como esse não estão descartados em nenhuma região. No caso do DF, especificamente, a maior dificuldade seria a distância dos centros distribuidores. ;Não temos o trânsito de São Paulo, mas calcular a distribuição da mercadoria aqui também é uma conta delicada. Além disso, ter o produto em estoque é crucial;, diz.


Além do modelo tradicional de vendas, as compras coletivas também aparecem com grande destaque entre as maneiras de adquirir bens e serviços pelas páginas virtuais. A pesquisa do E-bit mostra que 54% das pessoas são familiarizadas com o modelo Clube de Compras e, dessas, 32% chegaram a comprar algum produto. Apesar de a dinâmica ser diferente, porque não há entrega direta da encomenda e sim a contratação de uma empresa terceirizada pelo site, o segmento também enfrenta situações delicadas com o consumidor. Principalmente porque nem sempre o que foi contratado é entregue a contento. Nestes casos, cabe ao intermediário providenciar o reembolso para o cliente prejudicado.


A enfermeira Cristiane Penaforte, de 35 anos, por exemplo, enfrentou uma situação constrangedora. Contratou três sessões de depilação a laser, porque o preço era equivalente a um dia de tratamento na clínica que ela frequentava. Mas, em vez de os pelos sumirem, aumentaram. Após algumas tentativas de contato com os administradores da marca virtual, ela finalmente conseguiu a promessa do reembolso. ;Eu agora estou mais desconfiada com as ofertas. Logo que conheci o sistema, há dois anos, eu surtei. Achava que estava fazendo um bom negócio. Mas, agora que me aborreci, não sei se posso confiar nas empresas que são indicadas;, reclama.

Projeção

R$ 8,8 bilhões

Valor que o comércio virtual
deverá movimentar neste primeiro semestre do ano

405 mil
Total de brasilienses que devem participar do conjunto de
consumidores que fazem
compras on-line

~Não temos o trânsito de São Paulo, mas calcular a distribuição da mercadoria aqui também é uma conta delicada. Além disso, ter o produto em estoque é crucial;


Gabriel Castelo Branco,
professor de marketing
do UniCeub

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